EVANGELHO DE JESUS: CÂNTICO DE ZACARIAS
Perenialistas
Roberto Pla  : Logion 24 - EVANGELHO DE TOMÉ - LOGION 24

Segundo o evangelista Lucas  , no formoso Benedictus entoado por Zacarias, o pai de João Batista, cheio de Espírito Santo, profetiza que pelas entranhas da misericórdia de nosso Deus, se dará a seu povo (a comunidade humana), conhecimento de salvação “que fará que nos visite uma Luz da altura” (Lc 2, 77-78). A chegada de tão decisiva Luz havia sido profetizada também por Isaías, porque é uma Luz eterna, ingênita, própria de todos os tempos: “O povo que andava às escuras viu uma grande Luz” (Is 9,1). Não é que a luz não venha ao mundo em cada homem, pois como disse Jesus enquanto Filho do homem: “Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo” (Jo 9,5), senão que ao não crer o homem na luz, nessa luz que há nele e em cada homem da “geração”, resulta que essa luz não se manifesta e o único que há é obscuridade (Olhos Bons). Por isso se diz no Benedictus que a misericórdia de “nosso” Deus consiste em que os caminhos do Senhor podem ser endereçados ao conhecimento da “Luz da altura”, essa luz verdadeira que vem sempre com o nascido de “acima” (Nascer do Alto).

Convém recordar que esta “Luz da altura” que nomeia Lucas não é outra que Anatole, a estrela “que traz a luz”, segundo a tradição mística do povo judeu. Segundo nos é dito Anatole é um dos títulos do Messias, e não são necessários grandes esforços de imaginação para identificar esta Anatole com aquela estrela do céu que segundo o relato de Mateus   da epifania, precedeu desde o Oriente aos misteriosos magos, “até que chegou e se pôs encima do lugar onde estava a criança” (Natividade).

O “elakistos - pequenino” não é outro segundo a vertente oculta do nascimento em espírito (e sem que isso signifique interferência com a conhecida e paralela narração do nascimento “manifesto” de Jesus), que o homem interior de luz enquanto fruto recente. Essa estrela, Anatole, é a estrela que traz a luz e que se posa sobre o elakistos - pequenino como uma corôa fulgurante, para que se cumpra o sentido messiânico do salmo  : “Corôa de ouro fino pusestes em sua cabeça” (Sl 21,3). Ela é a que revela aos discípulos, ou aos magos que a seguem desde longe em seu mais ou menos metafórico céu, o “lugar” certo onde o Filho do Homem está.