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sinal

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Perenialistas
Roberto Pla  : breve 6753
Sabe Jesus que por este despertar interno se fez Simão Pedro próximo usufruidor da Bem-aventurança, e no emprego de uma fórmula estendida semítica que concede filiação com respeito ao que se cumpriu ou se acha em vias próximas de cumprimento, o chama nesse momento “filho de Jonas”. É assim como anuncia em poucas palavras que Simão Pedro já está preparado para receber o sinal do profeta Jonas, o único que foi reservado para esta geração humana [1]. Este sinal não é outro que o do Filho do homem, quer dizer, a certeza e a glória de Deus que sobrevém pela conversão no Filho do homem (breve 8914). O evangelista Lucas   deixa cabal constância disto quando diz: “Assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, assim será o Filho do homem para esta geração” [2].

A extensa parábola na qual se narra de maneira bastante figurada o sinal recebido pelo profeta Jonas quando de sua conversão em Filho do homem, serve para acreditar não somente na antiguidade deste sinal posto por Deus para toda a história humana segundo atesta a tradição religiosa do povo judeu, senão que foi tomada muito explicitamente por Jesus, não somente como “sinal feito por ele” (Mt   12,38-40), senão também como sinal posto pelo Pai para todas as gerações [3]. Os três dias e três noites — uma dimensão temporal indefinida embora completa em si mesma — passados por Jonas no ventre do cetáceo, são figura figura do Filho do homem sepultado no seio terreno de todo Adão psicofísico (Mt 12,40; 20,13; Mc   8,12-13). Da mesma maneira, a Paixão — morte e ressurreição — de Jesus, Filho do homem, não foi só uma história viva e real, senão figura exemplar e didática da Paixão, como morte e ressurreição, que no espírito concerne, de distintas maneiras, ao Filho do Homem em cada homem.

O único sinal verdadeiro quanto à vida eterna — segurança quanto a ela — o vem ao homem do Filho do homem que é sua essência; mas este sinal só o revela quando é despertada pela fé no Filho do homem. Do contrário, se somente é invocada como prova, por via sensível, contra a descrença da carne e do sangue, é inútil a convocatória, pois em tal caso, “não de se dar nesta geração nenhum sinal” (Mc 8,12).


Observações

[1Marcos coloca a advertência sobre o sinal de Jonas como começo do capítulo no que se conta a profissão de fé de Pedro, com o que se facilita a relação dos dois logia.

[2Lc 11,30. O verdadeiro nome do pai carnal de Simão Pedro não o conhecemos, nem tem interesse para o evangelho donde não se consigna. Se o evangelista João o chama “Simão o filho de João” (Jo 1,24) é para mostrar sua dependência anterior de João Batista, e quando sem sua aparição nas margens do lago Tiberíades o volta a chamar por três vezes “Simão de João”, é para anunciar-lhe o batismo de Glorificação que ia receber (Jo 21,15-19). Por outro lado, Jonas (heb. Yonah — pomba) e João (heb. Yohanah), são nomes distintos, que não podem ser identificados.

[3O termo “geração” compreende seguramente para Jesus e os evangelistas neste e outros casos, o transcurso total da humanidade.