Página inicial > Termos e noções > celtas

celtas

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Segundo Mircea Eliade   e Ioan Couliano  , em seu «Dicionário das Religiões», os celtas aparecem na história no século V a. C. e instalam-se numa área que vai da Península Ibérica à Irlanda e Inglaterra, e até à Ásia Menor (os Gálatas).

Eles identificam-se com o que se chama «a cultura de La Tène» ou Segunda Idade do Ferro. A sua expansão é travada pelos Germânicos, Romanos e Dácios. Em 51 a. C., César conquista a Gália. Alguns celtas mantêm-se ainda sob domínio estrangeiro em Inglaterra e Irlanda. Hoje as línguas célticas já não são faladas senão nas regiões insulares (o irlandês, o gaélico e o gaulês) e na costa da Bretanha, com origem em Inglaterra e não nos antigos Gauleses.

Devido à interdição feita aos druidas de passarem os seus conhecimentos por escrito, não há documentos que digam diretamente respeito à Gália, excepto os monumentos influenciados pela arte romana. Pelo contrário, as fontes indiretas, de Júlio César a Diodoro da Sicília e a Estrabão, são abundantes.

A situação é diferente no caso dos celtas insulares, onde as informações diretas são ricas, mas provêm em geral de fontes medievais por vezes influenciadas pelo cristianismo. Vários manuscritos irlandeses do século XII d. C. contêm a descrição de antigas tradições. Duas famosas coleções do século XIV, o Livro Branco de Rhydderch e o Livro Vermelho de Hergest, contêm tradições gaulesas, como as da compilação chamada Mabinogi.

A religião da Gália só chegou até nós através da interpretação que lhe foi dada pelos Romanos. César menciona um deus supremo que identifica com Mercúrio e quatro outros deuses, respectivamente identificados como Apolo, Marte, Júpiter e Minerva. Apesar de este testemunho ser fortemente controverso, parece no entanto ser bem fundamentado à luz da arqueologia. Mercúrio deve ser o deus, do qual ainda existem inúmeras estatuetas, a que os Irlandeses chamam Lugh. O seu nome é atestado em muitas topônimos.

Dado que os celtas ofereciam vítimas humanas a três divindades (Teutates, Esus e Taranis), cada uma delas poderia ser, exatamente, o Marte de Júlio César. Teutates parece mais um nome genérico significando «deus da tribo» (cf. o irlandês tuath, «pequeno reino tribal»).

Há vários candidatos ao título de Apolo e ele não é livre de escolher entre eles. Mais de quinze nomes, como Belenus, Bormo, Grannus, etc, designam-no.

O Júpiter gaulês era o antepassado mítico dos druidas. Ele não foi identificado.

Minerva identificava-se com várias divindades locais, como o demonstram bem a iconografia assim como também as inscrições votivas. Na Irlanda, uma destas divindades era Brighid, associada à poesia, à medicina e à técnica. A sua personalidade mítica e festa sobreviveram ambas sob o disfarce fornecido pela santa cristã Brigitte (Brighid de Kildare).

Os monumentos representados conservam o aspecto e o nome de várias outras divindades, como os deuses silvestres Sucellus e Nantos, e sobretudo o deus Cernunnos («cornudo»), que tem cornos de veado.


  • Irlanda - IRLANDA
  • Caledonia - CALEDÔNIA
  • DRUIDAS