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Ramayana

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Perenialistas
Ananda Coomaraswamy  
Valmiki é um nome quase tão nebuloso quanto Homero  . Não há dúvida de que ele pertencia à casta brâmane e era intimamente ligado aos reis de Ayodhya. Colecionou canções e lendas de Rama (que tempos depois vieram a se chamar Rama-Chandra, em homenagem a Parashu-Rama); e é muito provável que mais tarde se tenham feito alguns acréscimos ao seu trabalho, sobretudo no Uttara Kanda. Dizem que ele inventou a métrica shloka; a linguagem e o estilo da poesia épica indiana devem a ele sua forma precisa. De acordo com o Ramaiana, ele foi contemporâneo de Rama, abrigou Sita nos seus dias de exílio solitário e ensinou o Ramaiana aos filhos dela, Kusa e Lava.

O tema do Ramaiana, que em sua forma mais simples é a história da reconquista de uma esposa raptada, não é diferente de outra grande epopeia, a Ilíada, de Homero. No entanto, é improvável — embora se tenha sugerido essa possibilidade — que a Ilíada derive do Ramaiana: é mais provável que ambos os poemas tenham se originado de fontes lendárias comuns, datadas de mais de mil anos antes de Cristo.

A história de Rama é narrada num dos Jatakas. Mas havia naqueles tempos muitas outras versões em circulação, e essa pode ser considerada uma versão resumida. Num dos últimos séculos antes de Cristo, provavelmente, as versões correntes da saga de Rama foram recolhidas pelo poeta brâmane e transformadas numa história com enredo claro e coerente; mas a forma completa, que é acrescida do Uttara Kanda, pode ser mais recente, do ano 400 d. C. Como um todo, em sua última redação o poema parece pertencer essencialmente à fase anterior do renascimento hindu e reflete uma cultura muito semelhante à que é representada nos afrescos de Ajanta (séculos I a VII d. C); mas evidentemente a trama do poema é muito mais antiga. A versão oferecida neste volume contém cerca de um vigésimo do Ramaiana completo. É uma versão condensada, na qual está incluído todo o material mais importante; mas não se acrescentou nenhum episódio ou figura de linguagem a que o original não conferisse autoridade.