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quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Perenialistas
Jean Tourniac  : Excertos traduzidos por Antonio Carneiro   de «Tourniac Luz - OS TRAÇADOS DE LUZ»

Para regressar ao Cristianismo, o Poder divino é geralmente referido à Mão do Eterno, e citar-se-á esta recomendação muito curiosa do « Zohar   » (I 22 b — 33 a):

« ... Nada pode se subtrair de minha mão: isto é, nenhum poder nada pode subtrair das Três (hipóstases) cujos nomes se compõem de quatorze letras:
« Iod — He — Vav — He / Aleph — Lamed — Vav — He — Vav / Iod — He — Vav — He. »

É o instante de assinalar que havia no Judaísmo um « gesto de Schaddai », formado pelo indicador, o médio e o mínimo levantados, em sinal da letra “Schin”, o anular curvado tal o “Daleth”, tocando então a ponta do polegar figurando o “Iod”?... isto nos reconduz ao Cristianismo.

Com efeito, na Igreja Ortodoxa, um gesto de bênção análogo figura sobre numerosos ícones do Cristo, em Santa Sofia de Constantinopla, por exemplo, mas, esse gesto é atribuído ao Cristo Pantocrator, isto é, ao Todo-Poderoso.
Trata-se então do Cristo glorioso a quem se aplicariam necessariamente, por assimilação na Glória divina — colocamo-nos aqui na perspectiva cristã evidentemente e não na perspectiva judaica — de uma parte os poderes do Metatron - Metatron-Schaddai e de outra as medidas universais detidas pelo Arquiteto Supremo dos mundos, medidas do Corpo divino, aquela do “Sîur qôma” da antropologia divina judaica.

Esse gesto de benção tem certamente recebido explicações « exotéricas », em particular aquelas dadas pelo Abade Polidori, que via nos três dedos levantados a Trindade das Pessoas e nos dois dedos reunidos a dualidade da natureza do Cristo. Temos alguma razão para pensar que poderia ter aí igualmente uma explicação secreta, aquela do Schaddai.

O Abade Martigny definiu como se segue o gesto de benção da Igreja do Oriente, no seu Dicionário de Antiguidades Cristãs (3ª edição 1899), no artigo « Maneira de Abençoar » (página 99, col. 1): « ... Notou-se que, em geral, nos monumentos de arte grega, onde reproduzem personagens tendo pertencido à Igreja grega, a mão que abençoa mantém o polegar junto com o anular, e elevados o indicador, o médio e o mínimo, e é o que se chamou da maneira grega. Existem, entre os estudiosos, três interpretações diferentes. Uns (Macri « Hiero Lex ») veem aí a intenção de figurar as siglas AW (alusão a Alfa e Ômega); outros (Ciamp. « De sacr. oedif. » C IV, sect. 2) a forma das iniciais do nome do Salvador = IH — XC ; por últimos (Bolland, T. VII Juss. aet. LV, página 135), uma exortação para elevar nossa alma em direção a Santíssima Trindade exprimida pelos três dedos elevados e à crer nos bens eternos figurados pelo círculo que forma a aproximação do polegar e do anular, o círculo sendo o hieróglifo acostumado da Eternidade. Poder-se-ia ainda reconhecer com o Abade Polidori (« Amico catt », VII, 60) nos três dedos elevados uma profissão de fé à Trindade das pessoas e nos dois dedos unidos, a crença na unidade da natureza. Ou ainda então quando esses dois dedos são colocados um sobre o outro em forma de cruz — e os monumentos oferecem mais de um exemplo — o conjunto da atitude da mão poderia lembrar os dois principais mistérios da fé, a Trindade e a Encarnação... »

Esses informes nos foram comunicados faz uma quinzena de anos — com uma conclusão simbólica e esotérica que compartilhamos plenamente — por M. Julien e M. Missak.

Encontra-se, por outro lado, um gesto de mão, idêntico na iconografia extremo-oriental. Para retornar ao simbolismo gestual na Bíblia  , realçaremos ainda esta observação de Louis Réau (“Iconographie de l’Art Chrétien”, P.U.F., 1950, tomo II, livro primeiro, capítulo primeiro: « a mão divina »): « Por que se escolheu a mão como hieróglifo de Deus? É porque a palavra hebraica “lad” significa ao mesmo tempo mão e poder. No estilo bíblico, mão de Deus é sinônimo de poder divino... » É bem verdade que “lad” quer dizer mão, mas como símbolo do Todo-Poderoso, esta « mão », virada em “Dai”, seu equivalente numérico, se acrescenta ao Schin triplo e salvador para formar o nome “Schaddai”.