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ponto único

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Perenialistas
Marcelle Senard:

Segundo o Vedanta o Ponto Supremo, o Único, movido pelo desejo de se conhecer em um outro, se cinde em dois. Torna-se então Shiva-Shakti, Ele mesmo (potencialidade) e sua Energia (virtualidade). Assim tem nascimento a primeira divisão do Ser único, a dualidade, e com ela o fenômeno da polarização ao mesmo tempo que o primeiro som acompanhando o movimento - movimento inicial na substância cósmica.

Em seguida a interação das leis da polarização e do movimento engendra toda a série hierarquizada das energias criadoras, mas cujo plano de criação pertence ainda ao domínio do suprassensível do inteligível.

Enfim, e sempre pela ação das mesmas leis, tem nascimento os elementos sutis do mundo manifestado tangível, aquele no qual se movem os astros e os seres de que são povoados. É a terceira fase criadora que corresponde à eclosão do ponto sensível e de seu desenvolvimento no espaço tal qual o conhecemos. Este terceiro plano implica na existência 1) da Matéria, a princípio sob formas sutis de energia que vão se densificar mais e mais e que correspondem finalmente aos diversos reinos do mundo tangível; 2) do Espaço necessário ao movimento da matéria, e 3) do Tempo ou medida do movimento da matéria no espaço.

Cada fase criadora comporta numerosos planos ou estados hierarquizados do Ser; cada escalão do arco involutivo da Energia-Consciência corresponde a manifestações mais e mais densas que pouco a pouco se tornam o que chamamos matéria, e nas quais a consciência continua a existir, mas em modos mais e mais velados.

As grandes linhas de desdobramento da ontologia tal qual se encontram nas doutrinas da Índia se encontram em outros ensinamentos ditos sagrados, principalmente o Gênesis bíblico e na Cabala  . No Gênesis, do Único (Deus) nascem a Luz e as Trevas, em seguida por divisões sucessivas todos os mundos e todos os seres. Na Cabala, o Ayn Soph - Deus Desconhecido, o Nada (para nossa inteligência), cria o mundo por intermédio das dez Sephiroth hierarquizadas em três tríades que correspondem aos diversos «Mundos». Sempre se encontra o Único inconcebível ao espírito humano existindo antes de toda manifestação ou diferenciação, se tornando Único concebível, o Ponto de onde saem progressivamente as diferentes formas intangíveis, em seguida tangíveis do Universo. Assim o Ponto pode ser considerado como o potencial de toda criação: 1) como conclusão por concentração de um certo estado de Energia-Consciência, 2) como a passagem deste estado a estado seguinte, e 3) como gérmen - origem-germe deste novo estado. O Ponto é a ligação tangível ou intangível entre o estado anterior con-centrado e sua expansão no estado posterior. Representa também o momento onde o passado, o presente e o futuro coincidem, e, neste sentido, corresponde ao «eterno presente», tudo sendo a condição de toda sucessão.

Assim o Ponto é o símbolo do Único não-manifestado, não diferenciado, ENERGIA-CONSCIÊNCIA suprema, potencial de toda criação, de onde emanam por diferenciação todas as forma sutis ou sensíveis. Por analogia, no plano da manifestação, o Ponto simboliza todo Princípio e todo Gérmen, o lugar de conclusão por condensação, e o começo por expansão de toda forma de vida.