Página inicial > Termos e noções > ananke

ananke

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

gr. ἀνάγκη, anánkê, anánke (he): necessidade. Latim: necessitas. Primitivamente: "decreto inexorável dos deuses" (Empédocles  , fr. 125 e 126). Empregado depois em sentido filosófico (Platão  , Aristóteles  , Epicuro  , estoicos). Aristóteles dedica uma nota à anánke em seu léxico filosófico, (Met., A, 5) na forma do qualificativo neutro ἀναγκαῖον, anankaion: o necessário. E dá cinco sentidos: (1) Condição (synaítion / synaition). Ex.: alimento para o ser vivo, que não pode subsistir sem ele. (2) Coerção (bía / bia). (3) Impossibilidade de ser de outro modo: é a mãe das necessidades. (4) Necessidade lógica, extraída da demonstração; é apódeixis / apodeixis. (5) Necessidade metafísica. Aristóteles diz: o simples (tò haploûn / to haploun). [Gobry  ]


À primeira vista, Plotino   e Santo Tomás assumem posições contrastantes, no que tange à criação: a necessidade ressaltada por Plotino é negada na concepção cristã de criação. Para não incidirmos em erro, mister se faz retomar o sentido do termo necessidade (ananke) empregado pelo licopolitano. Três são os aspectos a serem considerados: primeiro, necessidade, em Plotino, significa coação externa. Ora, nada há, acima ou fora do Uno, que possa obrigá-lo a fazer algo ou impedi-lo de fazer. Em segundo lugar, a necessidade no Uno não se distingue da vontade; do contrário, ele não seria simples. Logo, em agindo, age voluntariamente. Em terceiro lugar, o Uno não há mister das coisas por ele produzidas. Logo, a ananke significa a difusão de si sem inveja.

Em razão do que foi exposto, conclui-se que, entendendo necessidade como coação ab extra, nem ao Uno de Plotino nem ao Deus cristão pode ser aplicado o termo. [Ullmann  ]


But why does the existence of the Principle of Good necessarily comport the existence of a Principle of Evil? Is it because the All necessarily comports the existence of Matter? Yes: for necessarily this All is made up of contraries: it could not exist if Matter did not. The Nature of this Kosmos is, therefore, a blend; it is blended from the Intellectual-Principle and Necessity: what comes into it from God is good; evil is from the Ancient Kind which, we read, is the underlying Matter not yet brought to order by the Ideal-Form. Enneads I, 8, 7
This brings us to the Spindle-destiny, spun according to the ancients by the Fates. To Plato the Spindle represents the co-operation of the moving and the stable elements of the kosmic circuit: the Fates with Necessity, Mother of the Fates, manipulate it and spin at the birth of every being, so that all comes into existence through Necessity. Enneads II, 3, 9
According to Plato, lots and choice play a part [in the determination of human conditions] before the Spindle of Necessity is turned; that once done, only the Spindle-destiny is valid; it fixes the chosen conditions irretrievably since the elected guardian-spirit becomes accessory to their accomplishment. Enneads II, 3, 15
But it is the theory of the most rigid and universal Necessity: all the causative forces enter into the system, and so every several phenomenon rises necessarily; where nothing escapes Destiny, nothing has power to check or to change. Such forces beating upon us, as it were, from one general cause leave us no resource but to go where they drive. All our ideas will be determined by a chain of previous causes; our doings will be determined by those ideas; personal action becomes a mere word. That we are the agents does not save our freedom when our action is prescribed by those causes; we have precisely what belongs to everything that lives, to infants guided by blind impulses, to lunatics; all these act; why, even fire acts; there is act in everything that follows the plan of its being, servilely. Enneads III, 1, 7
Todas as palavras que se baseiam na raiz anank-, denotam em diferentes graus todas as formas de pressão ou coerção, externa ou interna, exercidas sobre o homem: anankaios (necessário), anankazo (compelir), forçar), anan kastos (por compulsão). Para os gregos era o poder que determinava toda a realidade, o princípio que regia o universo; Platão chegou a considerá-lo como categoria superior aos deuses. O homem estaria sujeito a este constrangimento devido a sua finitude, a sua condição natural.

No AT traduz vários termos hebraicos que denotam aflição - aflições e angústia - angústias causadas pela enfermidade, pela perseguição, pelos "inimigos", etc...

No NT ocorre 17 vezes, especialmente em Paulo Apostolo - São Paulo  . O conceito de providência se associa em muitas ocasiões às colocações relativas a ananke.


René Guénon: TRIRATNA

Se puede observar también que, en la idea de «ley», en todos los sentidos en todas las aplicaciones de las que es susceptible, hay siempre un cierto carácter de «necesidad» [1] o de «constricción» que la sitúa del lado del «Destino», y también que el dharma, para todo ser manifestado, expresa en suma la conformidad a las condiciones que le son impuestas exteriormente por el medio ambiente, es decir, por la «Naturaleza» en el sentido más extenso de esta palabra. Se puede comprender desde ahora por qué el Dharma búdico tiene como símbolo principal la roda - rueda, según lo que hemos expuesto precedentemente al respecto de la significación de ésta (v. Dharmachakra); y al mismo tiempo, por esta representación, se ve que se trata de un principio pasivo en relación al Buddha, puesto que es éste el que «hace girar la rueda de la Ley» [2]. Por lo demás, ello debe ser así evidentemente, desde que el Buddha se sitúa del lado de las influencias celestes como el Dharma Lei se sitúa del lado de las influencias terrestres; y se puede agregar que el Buddha, por eso mismo que está más allá de las condiciones del mundo manifestado, no tendría nada en común con el Dharma Lei [3], si no tuviera que hacer su aplicación a la Humanidad, lo mismo que, según lo que hemos dicho más atrás, la Providencia no tendría nada en común con el Destino sin el Hombre que liga uno al otro estos dos términos extremos del «ternario universal».


anánke (he): necessidade. Latim: necessitas.

Primitivamente: "decreto inexorável dos deuses" (Empédocles, fr. 125 e 126).

Empregado depois em sentido filosófico (Platão, Aristóteles, Epicuro, estoicos).

Aristóteles dedica uma nota à anánke em seu léxico filosófico, (Met., A, 5) na forma do qualificativo neutro anankaion: o necessário. E dá cinco sentidos:

  •  Condição (synaítion). Ex.: alimento para o ser vivo, que não pode subsistir sem ele.
  •  Coerção (bía).
  •  Impossibilidade de ser de outro modo: é a mãe das necessidades.
  •  Necessidade lógica, extraída da demonstração; é apódeixis.
  •  Necessidade metafísica. Aristóteles diz: o simples (tò ha-ploûn).

    De fato, está ligado aos seres eternos e "imóveis" (ou seja, sem mudanças). Encontra-se, aliás, essa necessidade na oposição entre o ser necessário, sempre semelhante, e o ser por acidente, fadado à mudança (Met., E, 2). O mesmo ocorre para encontrar a existência do primeiro Motor; tudo é movido por outro, e não por si mesmo; ora, do movido ao motor (do efeito à causa), não se pode remontar infinitamente; "é, pois, necessário parar". É o famoso anánke hístasthai (Fís., VIII, 5).

    Platão, como de hábito, não apresenta uma exposição didática sobre esse termo. Emprega-o nos sentidos mais diversos: de destino, para a sorte das almas (Fédon  , 86c); de inclinação entre os sexos (Rep.  , V, 458d); de coerção política (Rep., V, 519e); de determinismo cósmico (Fédon, 97e; Pol, 269d; Timeu  , 46e); de necessidade metafísica (Fédon, 76 d-e; Fedro  , 246a; Timeu, 42a). Aristóteles distingue a necessidade matemática (a soma dos ângulos do triângulo é igual a dois ângulos retos), que é de ordem racional, e a necessidade física, que é de ordem sensível (Fís., II, 9).

    Os estoicos utilizam abundantemente a noção de anánke, pois, em seu sistema, tudo é necessário; e a necessidade é ao mesmo tempo metafísica e cósmica, pois, como Deus é ao mesmo tempo o mundo, a necessidade de sua existência pertence às duas ordens. "Tudo o que ocorre — escreve Marco Aurélio   — é necessário (II, 3)."A Inteligência universal tomou uma única decisão, e tudo decorre dela por via de consequência (V, 10;VI, 9; VIII, 5; IX, 28). Sábio é "aquele que tem a virtude de se submeter à necessidade" (Epicteto  , Manual, LIII, 2).

    Epicuro construiu sua sabedoria com base na distinção dos prazeres: uns são naturais e necessários; outros naturais, mas não necessários; outros não são naturais nem necessários (Máximas, 29). [Gombry]

  • Observações

    [1En esto puede tratarse, según los casos, sea de necesidad lógica o matemática, sea de necesidad «física», sea todavía de la necesidad llamada «moral», bastante impropiamente por lo demás; el Dharma búdico entra naturalmente en este último caso.

    [2Así pues, en eso desempeña un papel similar al del Chakravarti o «monarca universal» en otra aplicación del simbolismo de la rueda; por lo demás, se dice que Shâkya-Muni tuvo que escoger entre la función del Buddha y la del Chakravarti.

    [3Esta ausencia de relación con el Dharma Lei corresponde al estado del Pratyêka-Buddha, quien, llegado al término de la realización total, no «redesciende» a la manifestación.