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adoração

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  
Christophe Andruzac

Segundo Christophe Andruzac, a «adoração» é o ato voluntário do homem para com seu Criador reconhecido como sendo a fonte viva da ordem do universo. Este reconhecimento se exprime por gestos testemunhando uma dependência: oferenda das primícias de um rebanho, de uma colheita, do pão doméstico que faz viver, etc. Após o ato de oferenda (ou holocausto) celebrado pelo Grande Sacerdote que representa a comunidade, os objetos que serviram de «suporte» ao ato de reconhecimento são em geral consumidos (ou destruídos de uma outra maneira) por um lado para não mais poder servir a ninguém e por outro lado para melhor testemunhar da gratuidade.


Roberto Pla  

A adoração a praticaram os “magos” que descreve Mateus  , quando depois de uma longa viagem de busca puderam acercar-se do “pequenino”, do Filho de Deus, em seguida “prostrando-se o adoraram”. A “adoração” forma parte do mandato, do desígnio último de Deus, para todos seus “filhos”, enquanto estes são já “filhos”, quer dizer, feitos anjos, deuses ou pneuma.

No diálogo de Jesus com a alma samaritana, no quarto evangelho, se fala deste “adoração”, deste estar “em vigília”, deste contemplar até o esquecimento de si mesmo, como de um cumprimento da Vida “em espírito” do homem: “Deus é espírito e os que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade” (Jo 4,24).

O que explica Jesus nesta ocasião é muito importante, pois diz que chegou a hora — e essa hora segue vigente em nosso tempo — em que a adoração ao Pai não deverá ser fazer, “nem neste monte, nem em Jerusalém” (como se dissesse: nem em nenhum “lugar” objetivo), senão que os adoradores verdadeiros (os que sabem adorar e adoram de verdade), adorarão o que conhecem (em sua própria interioridade), e adorarão ao Pai em Batismo - espírito e verdade. breve 8909


Frithjof Schuon  

A adoração da Substância divina acarreta o respeito aos acidentes que a manifestam. Adorar a Deus "em espírito e em verdade" é respeitá-Lo também através desse véu que é o homem, o que praticamente equivale a dizer que é preciso respeitar em todo homem a santidade potencial na medida em que isso é racionalmente possível.
A dignidade nos é imposta por nossa deiformidade, pelo nosso sentido do sagrado, pelo nosso conhecimento e nossa adoração a Deus; a nobreza integral faz parte da fé.

Se as expressões elípticas fossem compreendidas com facilidade, diríamos, naturalmente, que a maior das virtudes é a verdade: a verdade na medida em que é vivida, não apenas pensada, e que se torna em nós o sentido do sagrado e da adoração.

A virtude em si é a adoração que nos vincula a Deus e nos atrai para Ele, resplandecendo à nossa volta. Adoração primordial e quase existencial, que se anuncia antes de tudo pelo sentido do sagrado, como acabamos de dizer. O sagrado é o perfume da divindade, é o divino tornado presente; amar o sagrado é impregnar-se do perfume do Ser puro e da sua serenidade. A alma da Virgem Santa, protótipo de toda alma santificada, é feita de adoração inata, a qual atualiza a Presença real do mesmo modo como um espelho reflete a luz. A alma virgem é consubstancial a essa Presença, assim como o espaço coincide com o éter que ele contém.

A virtude una, ou a devoção substancial, é repousar no Ser, simultaneamente transcendente e imanente, estando sacramentalmente presente hic et nunc. Por participar da sua própria essência, toda virtude é uma forma de adoração e, portanto, de bem-aventurança. [ESOTERISMO COMO PRINCÍPIO E COMO VIA]