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quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Elementos na tradição indiana: ÁGUA, AR, FOGO, TERRA, ÉTER, AKASHA



Notions philosophiques  

As cosmogonias explicam frequentemente a natureza e gênese dos seres constituindo a realidade que nos cerca, a partir da união de realidades mais simples, representadas por divindades. Estas realidades são tomadas da percepção do mundo tal como influenciam os principais traços culturais e as atividades humanas. Os filósofos pré-socráticos   laicizaram esta apreensão do mundo concebendo estas realidades originárias, não mais sob forma antropomórfica, mas como elementos suscetíveis de combinações.

É a Empédocles que se deve a teoria clássica ocidental dos quatro elementos, a terra, o ar, a água e o fogo, realidades estáveis e imutáveis suscetíveis de engendrar por combinação todas as realidades observáveis. Os pitagóricos interpretaram os quatro elementos de Empédocles segundo formas geométricas e ainda adicionaram um quinto, correspondendo aos astros (origem da noção alquímica de quintessência). Platão se inspirou desta teoria no Timeu  . Aristóteles as criticou no seu tratado sobre a geração e a corrupção, substituindo os elementos por qualidades primitivas (quente, frio, seco, úmido), que formariam quatro pares de qualidades elementares (quente-seco, quente-úmido, frio-úmido, frio-seco). Esta transformação lhe permitia conceber, a partir de sua teoria da mudança, uma transformação dos elementos um em outro. Oposta ao atomismo da Escola de Abdera, a teoria dos quatro elementos constituiu um dos fundamentos da alquimia   ocidental. [Les Notions philosophiques. Paris: PUF, 1990]


Empédocles

Empédocles qualifica de «raízes» das coisas (rizomata panton; fgt. 6) os outros elementos fundamentais, que, segundo Aristóteles, é o primeiro a distinguir (31 A 37). O termo de raiz é aproveitado da terminologia pitagórica. Os predecessores de Empédocles tinham investigado qual podia ser o primeiro elemento a partir do qual todos os outros se teriam constituído. Tales decidiu-se pela água, Anaxímenes   pelo ar o Heráclito pelo fogo. Empédocles não privilegia qualquer deles e acrescenta a terra aos três precedentes, terra da qual nasceram os seres vivos (31 A 72) e à qual regressam. Estes quatro elementos são imutáveis, homogêneos e não se modificam nunca no decurso das diferentes combinações em que participam. Cada corpo contém um certo número deles, em diferentes proporções. O corpo humano compõe-se de quatro elementos: «As carnes nascem da mistura em partes iguais dos quatro elementos, os nervos, de fogo e de terra unidos ao dobro de água, as unhas vêm aos viventes dos nervos que arrefecem em contacto com o ar, os ossos são formados de uma mistura de duas partes de água e de terra e de quatro de fogo, estando essas partes contidas no interior daí terra. O suor e as lágrimas provêm do sangue liquefeito e tomado mais fluido pelo facto de se ter tornado mais ténue.» (31 A 78)

Esta doutrina teve grande sucesso e encontra-se no Timeu de Platão associada a teorias pitagóricas acerca dos poliedros. Reaparece em Aristóteles, completada com as posições do seco e do úmido, do quente e do frio. Mas encontra-se sobretudo no âmago das escolas médicas, que nela encontravam possibilidade de fundar uma doutrina muito mais satisfatória dos humores e dos temperamentos do que a que era possível extrair das filosofias jônias ou do atomismo.

Tudo o que existe sobre a terra nasceu da terra e da associação dos elementos primitivos: «antes que o sol tivesse brilhado e antes que o dia e a noite tivessem sido separados», nasceram as árvores:

«Crescem impelidas pelo calor que existe na terra, como se fossem partes dela, do mesmo modo que o embrião é uma parte do seio maternal. Os frutos são as excreções da água e do fogo das plantas. As árvores que encerram menos umidade perdem as folhas com o calor do verão, mas as que têm mais umidade conservam-nas, como o loureiro, a oliveira e a palmeira. As diferenças da sua seiva provêm das variações na composição da terra nutritiva que dá às plantas diversas homeomerias. No caso da vinha, não são as diferenças de cepa que dão o bom vinho, mas as diferenças da terra nutritiva.» (31 A 70)

Portanto, a vida e a existência mais não são do que um imenso ciclo, no decurso do qual os elementos e os seres dão origem a novas individualidades.



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