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Brunn (VME:32-33) – Centelha Divina
quinta-feira 13 de outubro de 2022
Beguinas
Uma nobre claridade brilha docemente em nóse quer ser acolhida no ócio fiel (ledich seijn)A pura centelha ,vida da vida de nossa alma ,que permanece unida à Fonte divina,onde Deus faz brilhar sua luz eterna (sinen eweghen seijn)Revelação no mais secreto de nós mesmos,que nem razão nem sentido podem compreendersenão no amor nu:eles são transformados (overformet), aqueles que a recebem,sobrenaturalmente, da centelha íntima,em um conhecimento divino simples.O acidental e o múltiplonos retiram nossa simplicidade.Como o diz são João o Evangelista,esta luz brilha nas trevase sua claridade não é compreendidapela obscuridade.Se viéssemos a esta claridadediante de sua face , desocupados e livresde todo modo, de toda coisaque se aprende, se conta e se compõe,no seio do abismo sem fundoveríamos a luz na sua luz.Rujam de terem mantido tanto tempovossa alma ocupada com o acidente,ao nível da terra e privada de essência (onghewesent)Se a simplicidade vos houvesse acostumado a ela mesma,oculta em sua luz, vós seríeis libertos de formas e de imagens.Deveis estar em grande errode buscar fora a luz em partes,enquanto ela é toda em vós e vos libera totalmente.Se quereis se tornar mestrenesta filosofia, não afirmais:deixeis toda coisa, com vós mesmos.A! Deus, que nobrezaque esta livre vacuidade, onde o amor abandona amorosamente todo o restoe não busca nada fora dele mesmo,posto que em sua pura Unidadeabarca a eternidade bem-aventurada.Hadewijch II
Eckhart
Estaríamos curados de toda enfermidade se estivéssemos elevados e recolhidos, nus e destacados. Pois na centelha superior (gesterlîn), onde recebemos a claridade divina, não há jamais separação de Deus, nem qualquer intermediário. [Sermão 18]
Esta centelha recusa todas as criaturas e não vê nada além de Deus na sua nudez , tal qual é nele mesmo. Não lhe é suficiente nem o Pai nem o Filho, nem o Espírito Santo, nem as três Pessoas, na medida em que cada uma delas permanece em sua peculiaridade . Digo em verdade que a esta luz não basta a unicidade da natureza divina enquanto fecunda. Eu diria ainda o que daria um som mais estranho: o digo em verdade e eterna verdade e em perdurável verdade: a esta luz não basta o ser divino simples e impassível que não dá nem recebe; ela quer saber de onde vem este ser; ela quer penetrar no fundo simples, no deserto silencioso onde jamais distinção teve lugar, nem Pai nem Filho nem Espírito Santo, o mais íntimo onde ninguém está em casa . É aí somente que esta luz encontra satisfação e aí ela é mais intimamente que ela é nela mesma, pois este fundo é um silêncio simples, imóvel nele mesmo, e por esta imobilidade todas as coisas são movidas, e são concebidas todas as vidas que os vivos dotados de intelecto são neles mesmos.
VEJA: L’ÉTINCELLE
Ver online : Eis Mestre Eckhart