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Allard l’Olivier (IC:135) – agnoia - ingorância

terça-feira 4 de outubro de 2022

      

Nenhuma criatura existe do único fato que ela é isto que ela é, a saber uma certa essência; mas todas, segundo as aparências inerentes ao criado, existem em virtude do Existir divino. Como, em virtude deste Existir, existem as criaturas minerais, vegetais e animais  , não saberia dizer; mas como existe a criatura humana, é o que vejo claramente em razão da experiência que disto fiz. O homem   existe do Existir divino na medida que este Existir, comparado a uma luz, se reflete na face   interna da mente   — o intelecto agente   — à maneira pela qual o sol   comunica sua luz ao espelho   que o reflete. E da mesma maneira que a luz   refletida pelo espelho é tão intensa quanto a luz do sol que aí se reflete, assim também o reflexo do Existir divino na face interna da mente   faz resplandecer existencialmente esta face tão intensamente quanto Deus   que aí se mira. Toda a unidade   de Deus e da Criatura humana, de que fala Ruysbroeck  , mantém-se nesta realidade que é a luz divina e, ao mesmo tempo, a recepção desta luz pela face que a mente lhe oferece. Ora, a criatura humana ignora ordinariamente que ela não existe senão em razão do Existir divino e que seu intelecto agente é esta morada   da luz. Ela não tem nenhuma conscientidade   de ser um intelecto ativo; com mais forte   razão, não tem nenhuma conscientidade da «ativação» da face interna de sua mente operada por Deus. E enquanto se encontra mergulhada nesta ignorância, a criatura humana crê que ela existe por ela mesma, somente pelo fato de que ela é isto que ela é: crença equivocada e fatal, que está na origem da soberba   humana e por consequência de todos os males de que os mortais   são afligidos.


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