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Ivánka (Plato Christianus:62-63) – O neoplatonismo

quarta-feira 9 de novembro de 2022

      
Paradoxalmente, esse perigo aumenta ainda mais até ameaçar o próprio conceito de criação na transformação sofrida pelo platonismo em sua forma neoplatônica. É um paradoxo, porque, na verdade, pode-se pensar   que essa transformação aproximaria o platonismo da imagem cristã do mundo e o tornaria mais apto   a apresentar a experiência cristã de Deus e do mundo. Em que consiste essa transformação?

Ainda que a filosofia do platonismo antigo afirme que ao descer de uma esfera   do ser a outra, o princípio de ordem   que reina no mais alto se reproduz no mais baixo, de maneira análoga, correspondendo aos caracteres do ser desta esfera, e que neste sentido, uma ordem universal   continua de uma esfera de ser para outra, atravessando todos esses níveis de ser, não existe, no entanto, no platonismo original qualquer conexão ontológica entre essas diferentes esferas. Ainda que o domínio matemático, "o número   em si", se reflita na mensurabilidade da extensão espaço-temporal, a própria matéria, substrato   do que se mede, não é uma derivada ontológica dos números; da mesma forma, a relação de "participação" das coisas reais com as Ideias eternas das quais elas são as "cópias" no espaço e no tempo não indica que as coisas singulares venham da Ideia (da maneira como, no domínio das Ideias, o particular é obtido por uma decomposição do geral), e a "queda" da alma não indica que ela viria da esfera superior. As esferas são ontologicamente disjuntas, próximas, acima ou abaixo umas das outras. Mesmo o demiurgo   do Timeu   (onde se trata no máximo de apresentar o surgimento do cosmos como um desenvolvimento unitário) pega o "Mesmo" e o "Outro" para misturá-los na cratera e olha para as Ideias, já presentes antes de sua ação, como seus modelos.


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