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Corbin (Ibn Arabi:190-191) – O método de oração teofânica

terça-feira 20 de dezembro de 2022

      

Que em uma doutrina   como aquela de Ibn Arabi   a Oração assuma ainda uma função, até uma função essencial, pode surpreender como um paradoxo, por vezes negar a autenticidade. É que no fundo em se apressando em classificar sua doutrina da «unidade   transcendente do ser» no que denominamos monismo e panteísmo, com o sentido que tomam estas palavras em nossa história da filosofia moderna, torna-se com efeito difícil compreender qual sentido pode ainda guardar o que se denomina Oração. É este sentido que nos propomos destacar em falando da «Oração criadora», isso no contexto onde a Criação acaba de nos ser mostrada como uma teofania  , quer dizer como Imaginação   teofânica. (Talvez as análises que precedem teriam ao menos por fruto   sugerir algumas reservas a respeito dos juízos muito apressados; este voto não significa no entanto que sonhávamos em integrar à força a teosofia de Ibn Arabi à ortodoxia comum do Islã exotérico!) A estrutura   teofânica do ser, a relação que ela determina entre Criador e criatura, implica, certamente, a unidade de seu ser (porque é impossível conceber o ser   extrínseco ao ser absoluto). Mas o próprio deste ser de essência única é de se diferenciar, de se «personalizar» em dois   modos   de existência correspondendo a seu ser oculto e a seu ser revelado. Certamente, o revelado (zahir  ) é com certeza   a manifestação (zahur) do oculto (batin); formam uma unidade indissolúvel; isso não quer dizer sua identidade   existencial. Pois existencialmente, o manifestado não é o oculto, o exotérico não é o esotérico, o fiel não é o senhor, a condição humana (nasut) não é a condição divina (lahut), embora uma mesma realidade essencial profunda condicione sua diversificação assim como sua co-denpendência recíproca, sua bi-unidade.


Ver online : Henry Corbin – la prière