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Crítica Hermenêutica
terça-feira 22 de março de 2022
HERMENÊUTICA MODERNA — CRÍTICA HERMENÊUTICA
O terceiro caminho hermenêutico, alinhado por Josef Bleicher, é a crítica hermenêutica originária da Escola de Frankfurt. Habermas e posteriormente Apel sustentaram um debate com Gadamer , onde os pressupostos tanto da teoria hermenêutica como da filosofia hermenêutica foram acusados de idealistas, desconsiderando os fatores extralinguísticos que compõem os contextos do pensar e agir.
Tanto Habermas quanto Apel levantam também restrições à “[fusão de horizontes]” proposta por Gadamer , na medida em que neste processo pode-se estar deixando de lado uma necessária postura crítica à ideologia que pode estar perpassando o discurso a ser interpretado. Se Gadamer tem razão em ver na compreensão um consenso sobre o sentido de um discurso, para a hermenêutica crítica pode-se estar perdendo de vista que este consenso esteja sendo “sistematicamente deformado” por alguma ideologia reinante, e de momento.
Para estes autores jamais podemos esquecer que a interpretação é contingenciada segundo as forças sociais, políticas e econômicas; isto inclui pré-conceitos relativos à classe social, raça e sexo. Portanto, a interpretação de um discurso pode e deve levar em conta os princípios clássicos da hermenêutica, revistos pela filosofia hermenêutica, mas sempre acrescidas de uma explicação satisfatória da realidade sócio-econômica onde se inserem autor e intérprete, visto que sem a investigação profunda das limitações políticas, sociais e econômicas impostas sobre autor e intérprete, a interpretação é ingênua e o consenso inalcançável.
Diante destes autores os fundamentos heideggerianos da filosofia hermenêutica usados para justificar sua universalidade são insuficientes e insatisfatórios, dada a natureza do processo comunicativo.
Bleicher destaca a hermenêutica de Paul Ricoeur como uma espécie de “hermenêutica de conciliação”. Resgatando a psicanálise de Freud , juntamente com outros críticos da sociedade moderna, como Marx e Nietzsche , Ricoeur tenta uma integração do que existe em termos de metodológico e de filosófico nas correntes hermenêuticas contemporâneas. A análise estruturalista de um sistema de signos é também apropriada por Ricoeur na formulação de sua proposta hermenêutica, que focaliza o discurso narrativo textual. A teoria do texto desenvolvida por Ricoeur revela-se inovadora na crítica de discursos textuais, entendidos como uma formação de signos semanticamente relacionados não a realidade, mas a um “quase-mundo”.