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Corbin (Ibn Arabi:143-144) – "Eu era um Tesouro oculto..."
terça-feira 20 de dezembro de 2022
É necessário antes de tudo, de nos fazer relembrar os atos da cosmogonia eterna concebida pelo gênio de Ibn Arabi . Um Ser Divino solitário em sua essência incondicionada, da qual só conhecemos uma coisa: precisamente a tristeza desta solidão primordial, que o faz aspirar a se revelar nos seres que o manifestam a ele mesmo na medida que que ele se manifesta a eles. É esta Revelação que percebemos; é ela que nos é necessário meditar para conhecer quem somos. O leitmotiv enuncia não a fulguração de uma Onipotência autárcica, mas uma nostalgia profunda: «Eu era um Tesouro oculto, amei a ser conhecido. Eis porque produzi as criaturas a fim de me conhecer nelas». Esta fase é representada como a tristeza dos Nomes divinos se angustiando no desconhecimento, porque ninguém os nomeia, e é esta tristeza que vem distender esta Aspiração divina (tanaffos) que é Compaixão (Rahma ) e existenciação (ijad), e que no mundo do Mistério é Compaixão do Ser Divino com e para si mesmo , quer dizer para seus próprios Nomes. Ou ainda, origem e princípio são uma determinação do amor, o qual comporta movimento de ardente desejo (harakat shawqiya) naquele que é amoroso. A este ardente desejo, o Suspiro divino aporta sua distensão.
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