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Mesquita (RP:46) – involuntariedade do mal (kakon)

sábado 29 de janeiro de 2022

      

Veja-se os dois   diálogos   de Sócrates com Clínias no Euthd., 277d-282e e 288d-293a; mas atente-se também em todo o ensinamento sobre a involuntariedade do mal, assimilado à ignorância, colocando assim a procura do bem sob a dependência de uma mais profunda procura do saber, no Protágoras, no Górgias, na Apologia   e no Críton. Esta coincidência da excelência e do saber só virá a ganhar pleno   esclarecimento com os livros centrais da República, no quadro da descrição do Bem como condição simultânea de todo o saber efetivo e de toda a efetiva excelência (VI, 508c-509c, 511cd, VII, 533bd; cf. 504e-505b, 506a), lição que o Filebo   prosseguirá na sua versão mais definitiva e mais clara, através de uma limitação   respectiva das pretensões do prazer e do saber à identificação com ίἀγαθόν [iagathon] (cf. 11b, 13e, 19d, 21b, 21d, 55bc, 60de, 65a-67b, e V. especialmente 22c, o apelo para ο ἀληθινόν καὶ θεῖον   νοῦν   [alethinon kai theion noun] como momento de identificação legítima do saber com o Bem; mas cf. também Phd., 69ae, Lg„ I, 631bd). Para esta última questão e, em especial, para a vinculação dos primeiros diálogos à doutrina   do Bem na República, veja-se: P. Shorey, The Unity of Plato’s Thought, Part 1 e Part II, pp. 78-82, bem como What Plato Said, II; Friedländer, Plato, II; mais recentemente, H. Teloh, Socratic Education in Plato’s Early Dialogues, Notre Dame (Indiana), University of Notre Dame, 1986. [MesquitaPlatão:46]