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Hadewijch (Riffard) – Hadewijch II e as beguinas

quinta-feira 13 de outubro de 2022

      

Excertos de seleção de Pierre Riffard  , em seu livro "O Esoterismo  ", traduzido por Yara Azeredo Marino e Elisabete Abreu

Acima de tudo o que está escrito,
de tudo o que é criado, o espírito
pode apreender e ver claramente,
seguindo de perto o caminho   de Nosso Senhor.
 
Se conhecimento vos faltar,
devei buscá-lo no interior;
em vossa simplicidade achareis
o claro espelho   sempre pronto.
 
Felizes aqueles que têm
a nua visão sem intermédio:
podem, só com o olhar,
receber   a vivificação,
 
e lançar-se ao objetivo divino
buscando o único bem vital,
só para Ele tudo deixar,
até que O tenha sem O perder.
 
O coração   que possui essa luz
sofre demais
se experimenta o peso do pecado  .
 
Ele permanece despojado e miserável
até que, conforme sua consciência,
seja satisfeito,
 
e encontre sua liberdade
apenas pelo testemunho interior,
mostrando-lhe que a sua dívida
quanto ao amor está totalmente paga.
 
É preciso que desejeis
e ameis sem ser pelos sentidos;
exterior e interiormente,
que permaneçais sem conhecimento, como uma morta.
 
Ouvi o que ordena o amor:
não vos inquiete o humano afeto  .
O amor encobre e protege
aquele que ele conduz,
como as asas dos serafins.
 
Depois de saborear
a libação da divindade
é preciso fundir e transformar
o que para sempre
deseja no lar da bela Deidade   ancorar. (...)

Novos poemas de uma beguina flamenga, III, trad. do médio-neerlandês: Fr. J.-B.P. in Hadewijch   d’Anvers, Écrits mystiques, Éd. du Seuil, col. La Vigne du Carmel, 1954, p. 150-151]


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