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Icons and the Mystical Origins of Christianity

Richard Temple (Icons:148-150) – Iconografia

16. Luz

domingo 9 de outubro de 2022, por Cardoso de Castro

      

Parece, de tudo que foi dito, que os ícones visam retratar diferentes estágios psico-espirituais ou cósmicos, não somente na vida histórica do Cristo   mas também na vida do Cristo dentro de nós mesmos.

      

Do ponto de vista do buscador   espiritual as ideias retratadas nos ícones têm que ser tomadas em relação ao homem   porque é para o homem — para nós mesmos — que elas finalmente se referem. As convenções visuais e as técnicas de pintura do ícone   visam criar contextos anagógicos ou simbólicos ao nível da vida material mas que existem profundamente dentro de seu ser.

Percebemos o mundo pela mente   e os cinco   sentidos, mas estes instrumentos não são nem adequados nem acurados para a orientação no mundo que jaz além das aparências. Se confiamos na mente   e nos sentidos externos somente, obtemos um quadro distorcido da realidade.

Todas as religiões e caminhos espirituais ensinam que a alma   do homem tem que fazer uma transição que é retratada em ícones e na literatura alegórica como a passagem do inferior   ao superior, do exterior ao interior, da escuridão à luz e da morte à vida. Todas as cenas da Natividade, seja de Cristo   ou da Mãe   de Deus  , ou de certos santos, referem-se ao renascimento no sentido espiritual. Esta ideia de uma transição ou ascensão é central para o significado místico dos ícones e da teologia da gnose. É a base das ideias nas quais o misticismo   é fundado e depende, se é para ter uma ação em nossas vidas, de nossa compreensão que o mundo físico do corpo, dos sentidos de percepção e do pensamento racional, são, de um certo ponto de vista, ilusórios.

A vida misteriosa do Cristo toma um sentido especial para aqueles que, desejando despertar   para uma nova vida dentro deles mesmos, identificam certa espécie de experiência interior com o assim chamado Cristo interior. Desde este momento, o alimento   desta recém-nascida vida interior se torna uma matéria de disciplinas e exercícios interiores. Uma dificuldade   levanta-se aqui para aqueles que continuam a abordar as ideias espirituais somente com a mente; eles estão em uma situação bastante diferente do trabalhador espiritual ou Hesicasta   para quem a abordagem é agora uma questão de prática e não de aprendizado livresco. Tal homem necessita não estar preocupado com as especulação filosófica e intelectual a qual não tem mais qualquer significância e a qual pode realmente dificultar o trabalho   prático. (Da mesma maneira um músico necessita não necessariamente estar preocupado com musicologia ou um artista com história da arte.)

Parece, de tudo que foi dito, que os ícones visam retratar diferentes estágios psico-espirituais ou cósmicos, não somente na vida histórica do Cristo mas também na vida do Cristo dentro de nós mesmos. Vimos que ele nasceu na escuridão (simbolizada também pelo dia mais curto do ano, à meia-noite, no Solstício de Inverno), em uma caverna  , embora sob a influência direta das esferas superiores e da Luz.


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