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Szlezák (Plotino:97-99) – energeia em Plotino

Neoplatonismo

quarta-feira 2 de fevereiro de 2022, por Cardoso de Castro

      

Szlezák, Thomas Alexander. Platão   e Aristóteles   na doutrina   do noûs de Plotino  . Tr. Renato Ambrósio e Rachel Gazolla. São Paulo  : Paulus, 2010, p. 97-99 [SzlezakPlotino  ]

      

A ferramenta conceitual decisiva por meio da qual Plotino   quer tornar compreensível o desenvolvimento do Uno para o múltiplo, que, em última análise, é inexplicável, é a teoria   da dupla ἐνέργεια  . Cada coisa dispõe de uma ἐνέργεια que constitui o seu ser, e de uma segunda ἐνέργεια que é diferente da primeira, mas dela gerada. Por exemplo, no fogo   podem ser distinguidos um calor essencial e um calor gerado do primeiro, transmitido a outros objetos (2, 27-33). Assim acontece também no Uno: em si, ele é ἐνέργεια, mas, não obstante, produz uma ἐνέργεια secundária (2,33-36). Esse Primeiro Gerado é noesis   (2, 22s.), como também o Uno é uma espécie de noesis, embora diferente daquela do Noûs (2, 18s.).

A teoria da dupla ἐνέργεια estabelece duas suposições acerca do processo causai: primeiro, que a causa  , cuja essência é a primeira ἐνέργεια, não é de modo algum modificada por meio da emissão da segunda ἐνέργεια. Para isso, Plotino já não remete a uma analogia   visível (por exemplo, ao fato de que o fogo não perde nada do seu calor “primeiro” por meio da irradiação do “segundo”199); ao contrário, o axioma   é evidenciado diretamente a partir do texto platônico: Plotino o encontra na formulação de que o Demiurgo   “permanece no seu próprio ser” (Timeu   42e5-6, citado em 2, 21.33). Segundo, a segunda ἐνέργεια, embora diferente da primeira, é sempre também do mesmo gênero   e, por assim dizer, não está ontologicamente separada, mas gradualmente diferenciada dela. Num trecho da Metafísica aristotélica, o agente   causal é apresentado de modo fundamental como a forma suprema da respectiva característica transmitida: [citação em grego] (993b24-25). Aqui, falta a distinção de duas ένεργειαι, mas talvez não seja por acaso que, também aqui, já esteja mencionado o calor do fogo como exemplo dessa lei universal  , e que o pensamento apareça num capítulo que alude duas vezes a trechos de partes centrais da República.


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