Página inicial > Antiguidade > Platão (V-IV aC) > Platão (Fedro:274b-279b) — A invenção da escritura

Diálogos de Platão

Platão (Fedro:274b-279b) — A invenção da escritura

Fedro

domingo 12 de dezembro de 2021, por Cardoso de Castro

      
    • B. A escritura (274b-279b)
      • o que é a escritura
      • Avaliação
        • filósofo
        • escritor
    • Conclusão
  • Conclusão geral
      

Nunes

Sócrates   - Bem, já distinguimos suficientemente a arte retórica daquela atividade   retórica que não merece o nome de arte.

Fedro   - Sim.

Sócrates - Só resta, então, falar sobre o que convém e o que não convém escrever  , e examinar quando essa arte é bem ou mal empregada. Está certo?

Fedro - Sim.

Sócrates - Sabes tu como se pode ser mais agradável aos deuses, em ações ou em discursos?

Fedro - Não; e tu sabes?

Sócrates - Tenho vontade de contar-te uma história transmitida pelos antigos; se ela é verdadeira ou não, só deus   o sabe. Afinal, se nós pudéssemos conhecer a verdade, haveríamos de nos preocupar com o que dizem os homens?

Fedro - O que dizes é curioso. Conta-me essa história que dizes ter ouvido!

Sócrates - Bem, ouvi dizer que na região de Náucratis, no Egito  , houve um dos velhos deuses daquele país, um deus a que também é consagrada a ave chamada íbis. Quanto ao deus, porém, chamava-se Thoth. Foi ele que inventou os números e o cálculo, a geometria   e a astronomia  , o jogo   de damas e os dados, e também a escrita. Naquele tempo governava todo o Egito, Tamuz, que residia ao sul   do país, na grande cidade que os egípcios chamam Tebas do Egito, e a esse deus davam o nome de Ámon. Thoth foi ter com ele e mostrou-lhe as suas artes, dizendo que elas deviam ser ensinadas aos egípcios. Mas o outro quis saber a utilidade   de cada uma, e enquanto o inventor explicava, ele censurava ou elogiava, conforme essas artes lhe pareciam boas ou más. Dizem que Tamuz fez a Thoth diversas exposições sobre cada arte, condenações ou louvores cuja menção seria por demais extensa. Quando chegaram à escrita, disse Thoth: “Esta arte, caro rei, tornará os egípcios mais sábios e lhes fortalecerá a memória; portanto, com a escrita inventei um grande auxiliar para a memória e a sabedoria  .” Responde Tamuz: “Grande artista Thoth! Não é a mesma coisa inventar uma arte e julgar da utilidade ou prejuízo que advirá aos que a exercerem. Tu, como pai   da escrita, esperas dela com o teu entusiasmo   precisamente o contrário do que ela pode fazer. Tal coisa tornará os homens esquecidos, pois deixarão de cultivar a memória; confiando apenas nos livros escritos, só se lembrarão de um assunto exteriormente e por meio de sinais  , e não em si mesmos. Logo, tu não inventaste um auxiliar para a memória, mas apenas para a recordação. Transmites para teus alunos uma aparência de sabedoria, e não a verdade, pois eles recebem muitas informações sem instrução e se consideram homens de grande saber, embora sejam ignorantes na maior parte dos assuntos. Em consequência, serão desagradáveis companheiros, tornar-se-ão sábios imaginários ao invés de verdadeiros sábios.

Fedro - Com que facilidade, Sócrates, inventas histórias egípcias assim como de outras terras, quando isso te apraz!

Sócrates - Caro amigo! Dizem alguns que as primeiras profecias foram feitas por um carvalho do templo   de Zeus   em Dodona. Os homens daquele tempo, evidentemente, não eram tão sábios como os da nossa geração, e como eram ingênuos, era para eles suficiente ouvir   o que lhes dizia um carvalho ou uma rocha; para eles, a única coisa importante era que se lhes dissesse a verdade. Mas a ti talvez faça diferença   saber quem disse uma determinada coisa e de que terra   ele provém. Não te basta examinar se essa coisa é verdadeira ou falsa.

Fedro - Tua repreensão é justa. Mas, com respeito à arte da escrita, acho que o tebano tinha de fato razão.

Sócrates - Imagina que alguém expõe por escrito as regras da sua arte e um outro aceita o livro como sendo a expressão de uma doutrina   clara e profunda; esse homem   seria tolo, pois, não entendendo a advertência profética de Ámon, atribuiria a teorias escritas mais valor   do que o de um simples lembrete do assunto tratado. Não é assim?

Fedro - Perfeitamente.

Sócrates - O uso da escrita, Fedro, tem um inconveniente que se assemelha à pintura. Também as figuras pintadas têm a atitude de pessoas vivas, mas se alguém as interrogar conservar-se-ão gravemente caladas. O mesmo sucede com os discursos. Falam das coisas como se as conhecessem, mas quando alguém quer informar  -se sobre qualquer ponto do assunto exposto, eles se limitam a repetir sempre a mesma coisa. Uma vez escrito, um discurso sai a vagar por toda parte, não só entre os conhecedores mas também entre os que o não entendem, e nunca se pode dizer para quem serve e para quem não serve. Quando é desprezado ou injustamente censurado, necessita de auxílio do pai, pois não é capaz de defender-se nem de se proteger por si.

Fedro - Também neste ponto tens toda a razão.

Sócrates - Examinemos agora uma outra espécie de discurso, irmão legítimo dessa eloquência bastarda: vejamos como nasce e quanto ele é superior e mais poderoso que o outro.

Fedro - A que discurso te referes, e como nasce ele?

Sócrates - Refiro-me ao discurso conscienciosamente escrito com a ciência da alma  , ao discurso que é capaz de defender a si mesmo   e que sabe diante de quem convém falar e diante de quem é preferível ficar calado.

Fedro - Estás falando no discurso vivo e animado do homem sábio, do qual todo discurso escrito poderia ser chamado com justiça um simulacro?

Sócrates - Exatamente. Imagina que um agricultor inteligente possua sementes e lhes dá valor, e das quais queira obter frutos. Pensaria tal homem seriamente em plantar suas sementes durante o verão nos jardins de Adônis, e gostaria de vê-las desenvolvidas como plantas dentro de oito dias? Seria possível que o fizesse de bom grado, mas simplesmente a título de cerimônia religiosa, por ocasião das festas de Adônis. Quanto às sementes a que deseja dar um fim sério, porém, ele as plantará em solo apropriado, utilizando a sua técnica de agricultor e ficará contente se a seara lhe der frutos no oitavo mês.

Fedro - Mas é evidente  , Sócrates; como dizes, esse homem faria uma coisa seriamente e a outra com intenções diversas.

Sócrates - Ora, podemos nós dizer que quem possui o conhecimento do justo, do belo e do bom dará às suas sementes um uso menos judicioso do que o camponês?

Fedro - Não.

Sócrates - Tu bem vês que aquele que conhece o justo, o bom e o verdadeiro não irá escrever na água [1] essas coisas, nem usará um caniço para semear os seus discursos, pois eles se mostrarão incapazes de ensinar   eficientemente a verdade.

Fedro - Provavelmente não fará isso.

Sócrates - Claro que não. Naturalmente, semeará nos jardins literários apenas por passatempo. Se escrever, será na intenção de acumular para si mesmo um tesouro   de recordações para a velhice, se chegar até lá; porque os velhos esquecem tudo. Escreverá também para os que caminham na mesma rua com ele, e se alegrará vendo crescer as tenras plantas. E enquanto outros se divertem em banquetes e prazeres semelhantes, esse homem se recreará com as coisas que mencionei.

Fedro - Mas, Sócrates, estás comparando com divertimentos vulgares a belíssima atividade   de um homem que se deleita em escrever discursos sobre a justiça e as outras virtudes!

Sócrates - É verdade, meu Fedro! Mas acho muito mais bela a discussão dessas coisas quando alguém semeia palavras de acordo com a arte dialética, depois de ter encontrado uma alma digna para recebê-las; quando esse alguém planta   discursos que são frutos da razão, que são capazes de defender por si mesmos e ao seu cultivador, discursos que não são estéreis mas que contêm dentro de si sementes que produzem outras sementes em outras almas, permitindo assim que elas se tornem imortais. Aos que as levam consigo, tais sementes proporcionam a maior felicidade   que é dado ao homem possuir.

Fedro - Na verdade, isso é muito mais belo.

Resumo Sócrates - Já que nós concordamos nisto, caro Fedro, podemos agora decidir sobre o nosso assunto.

Fedro - Sobre o quê?

Sócrates - Sobre o assunto que nos levou até a censura dirigida a Lísias em virtude de   seus discursos escritos, o que por sua vez nos conduziu a classificar os discursos, distinguindo o que é artístico do que não o é. Pelo menos, parece, evidenciou-se suficientemente o que é artístico e o que não é.

Fedro - Com efeito. Mas não queres repetir tudo isso, em resumo?

Sócrates - A análise que fizemos demonstrou o seguinte: não é possível fazer discursos artísticos naturais, quer se trate de ensinar ou de persuadir, posto que se não conheça a verdade sobre os objetos a respeito dos quais se fala ou se escreve, se não se estiver em condições de defini-los e de dividi-los em espécies e gêneros, se não se houver estudado a natureza da alma e determinado quais gêneros de discursos se adaptam às suas espécies; se não se tiver redigido e ordenado o discurso de tal modo que ofereça à alma complexa um discurso complexo   e à alma simples um discurso simples.

Fedro - Tudo isso é evidente.

Sócrates - E o pouco que dissemos forneceu a solução deste problema: é ou não conveniente pronunciar e escrever discursos, e em que condições um discurso é censurado com razão ou injustamente?

Fedro - Explica-te melhor.

Sócrates - Imagina que Lísias ou qualquer outro indivíduo   tenha escrito ou escreva um dia a respeito de um assunto privado ou público; que venha a escrever propostas legislativas, e que publique um livro político na convicção de possuir uma grande força lógica e convincente; isso mereceria censura. Porque ignorar, tanto no estado   de vigília como em sonhos [2], o que é justo e o que não é, não saber distinguir   o bom do mau, é coisa que não escapa a condenação, embora o povo inteiro louve semelhante homem.

Fedro - Naturalmente.

Sócrates - Ora, o homem com o qual nós dois   desejaríamos nos identificar, Fedro, pensaria do seguinte modo: um discurso escrito, não importa sobre qual assunto, contém forçosamente grande número   de fantasias; nenhum discurso, pois, seja ele escrito em prosa ou em verso, merece que se envide grande esforço na sua composição. E isso também se aplica aos discursos escritos ou recitados à maneira dos rapsodos, sem exame   nem instrução, simplesmente para efeito persuasivo. Os melhores discursos escritos são os que servem para reavivar as lembranças dos conhecedores; só as palavras pronunciadas com o fim de instruir, e que de fato se gravam na alma, sobre o que é justo, belo e bom, apenas nelas se encontra uma força eficaz, perfeita e divina a ponto de nelas empregarmos os nossos esforços; somente tais discursos merecem ser chamados filhos legítimos do orador, gerados por ele próprio, quando esse orador possui um gênio inventivo, e quando nas almas de outras pessoas eles engendram descendentes e irmãos que sejam dignos da família. Quanto aos demais discursos, podemos desprezá-los.

Fedro - Eu, pelo menos, assim o desejo.

Sócrates - Bem, já nos divertimos o bastante com discursos. Vai ter com Lísias e dize-lhe que descemos à fonte e ao santuário das ninfas, e ali ouvimos admoestações que nos encarregaram desta tarefa: falar a Lísias e a qualquer outro homem que redija discursos; falar a Homero   e a qualquer outro autor de poesias que se destinam ou não a ser cantadas; e, em terceiro lugar, falar a Sólon e a todos os que escreveram sobre assuntos políticos. Devemos dizer-lhes o seguinte: se eles estão certos de possuir a verdade e capazes de a defender, se podem com as suas palavras ir além dos seus escritos, não devem chamar-se retóricos, e que devem tomar a sua denominação da ciência a que se dedicam.

Fedro - E que nome é esse que tu lhes queres dar?

Sócrates - Chamá-los sábios, Fedro, me parece excessivo e só aplicável a um deus; mas o nome de filósofo ou um epíteto semelhante lhes caberia melhor e seria mais apropriado.

Fedro - E seria o nome que corresponderia à sua atividade.

Sócrates - Aquele que não possui nada de valioso senão o que escreveu e passou largo tempo a rever, tirando uma coisa aqui e acrescentando outra acolá - a esse homem chamarás poeta, autor de discursos ou de propostas legislativas, não é verdade?

Fedro - Com efeito.

Sócrates - Então dize isto ao teu amigo!

Fedro - E que farás tu? Também não podes esquecer o teu.

Sócrates - A quem te referes?

Fedro - Falo do belo Isócrates. Que dirás a ele, Sócrates? Que nome lhe daremos?

Sócrates - Isócrates ainda é moço, Fedro. Entretanto, farei o papel de adivinho e te direi o que prevejo a seu respeito.

Fedro - Ouçamos.

Sócrates - Creio que ele, por sua natureza, seja apto   a coisa melhor do que fazer discursos como os de Lísias. Também parece possuir uma mentalidade mais nobre. Não seria de admirar que Isócrates, com mais idade, viesse a distinguir-se pelos discursos em que agora se exercita, fazendo com que todos os retóricos pareçam crianças diante dele. Mas é possível que isso tampouco o satisfaça, e também não seria surpreendente se um impulso divino o guiasse para assunto mais elevado. Porque o espírito desse homem, meu amigo, é propenso à meditação filosófica. Em nome dos deuses que presidem a este lugar, direi isto ao meu amado   Isócrates, e tu dize aquilo ao teu amante Lísias.

Fedro - Assim farei. Mas vamos embora, que o calor já não está tão forte  .

Sócrates - Não convém que façamos uma prece aos deuses daqui antes de nos retirarmos?

Fedro - Sim, tens razão.

Epílogo. A prece do sábio Sócrates - Divino Pã - e vós deuses outros destas paragens! Dai-me a beleza da alma, a beleza interior e fazei com que o meu exterior [3] se harmonize com essa beleza espiritual. Que o sábio me pareça sempre rico; que eu tenha tanta riqueza quanto um homem sensato possa suportar e empregar [4]! Teremos mais alguma coisa a desejar? Creio que pedi o suficiente.

Fedro - Pede para mim a mesma coisa, pois os amigos tudo devem ter em comum.

Sócrates - Vamos, então!

ARCIS

SÓCRATES. —Basta ya lo dicho sobre el arte y la falta de arte en el discurso.

FEDRO. —Sea así.

SÓCRATES. —Pero nos resta examinar la conveniencia o inconveniencia que pueda haber en lo escrito. ¿No es cierto?

FEDRO. —Sin duda.

SÓCRATES. —¿Sabes cuál es el medio de hacerte más acepto a los ojos de Dios por tus discursos escritos o hablados?

FEDRO. —No, ¿y tú?

SÓCRATES. —Puedo referirte una tradición de los antiguos, que conocían la verdad. Si nosotros pudiésemos descubrirla por nosotros mismos, ¿nos inquietaríamos aún de que los hombres hayan pensado antes que nosotros?

FEDRO. —¡Donosa cuestión! Refiéreme, pues, esa antigua tradición.

SÓCRATES. —Me contaron que cerca de Náucratis,[35] en Egipto, hubo un dios, uno de los más antiguos del país, el mismo a que está consagrado el pájaro que los egipcios llaman Ibis. Este dios se llamaba Tot.[36] Se dice que inventó los números, el cálculo, la geometría, la astronomía, así como los juegos del ajedrez y de los dados, y, en fin, la escritura.

El rey Thamos reinaba entonces en todo aquel país, y habitaba la gran ciudad del alto Egipto, que los griegos llaman Tebas egipcia, y que está bajo la protección del dios que ellos llaman Ammón. Tot se presentó al rey y le manifestó las artes que había inventado, y le dijo lo conveniente que era extenderlas entre los egipcios. El rey le preguntó de qué utilidad sería cada una de ellas, y Tot le fue explicando en detalle los usos de cada una; y según que las explicaciones le parecían más o menos satisfactorias, Thamos aprobaba o desaprobaba. Se dice que el rey alegó al inventor, en cada uno de los inventos, muchas razones en pro y en contra, que sería largo enumerar. Cuando llegaron a la escritura:

«¡Oh rey!, le dijo Tot, esta invención hará a los egipcios más sabios y servirá a su memoria; he descubierto un remedio contra la dificultad de aprender y retener.[37] —Ingenioso Tot, respondió el rey, el genio que inventa las artes no está en el caso que la sabiduría, que aprecia las ventajas y las desventajas que deben resultar de su aplicación. Padre de la escritura y entusiasmado con tu invención, le atribuyes todo lo contrario de sus efectos verdaderos. Ella no producirá sino el olvido en las almas de los que la conozcan, haciéndoles despreciar la memoria; fiados en este auxilio extraño abandonarán a caracteres materiales el cuidado   de conservar los recuerdos, cuyo rastro habrá perdido su espíritu. Tú no has encontrado un medio de cultivar la memoria, sino de despertar   reminiscencias; y das a tus discípulos la sombra de la ciencia y no la ciencia misma. Porque cuando vean que pueden aprender muchas cosas sin maestros, se tendrán ya por sabios, y no serán más que ignorantes, en su mayor parte, y falsos sabios insoportables en el comercio de la vida».

FEDRO. —Mi querido Sócrates, tienes especial gracia para pronunciar discursos egipcios, y lo mismo los harías de todos los países del universo  , si quisieras.

SÓCRATES. —Amigo mío, los sacerdotes   del santuario de Zeus en Dodona decían que los primeros oráculos salieron de una encina. Los hombres de otro tiempo, que no tenían la sabiduría de los modernos, en su sencillez consentían escuchar a una encina o a una piedra  ,[38] con tal de que la piedra o la encina dijesen verdad. Pero tú necesitas saber el nombre y el país del que habla, y no te basta examinar si lo que dice es verdadero o falso.

FEDRO. —Tienes razón en reprenderme, y creo que es preciso juzgar la escritura como el tebano.

SÓCRATES. —El que piensa trasmitir un arte, consignándolo en un libro, y el que cree a su vez tomarlo de este, como si estos caracteres pudiesen darle alguna instrucción clara y sólida, me parece un gran necio; y ciertamente ignora el oráculo de Ammón, si piensa que un escrito pueda ser más que un medio de despertar reminiscencias en aquel que conoce ya el objeto de que en él se trata.

FEDRO. —Lo que acabas de decir es muy exacto.

SÓCRATES. —Éste es, mi querido Fedro, el inconveniente así de la escritura como de la pintura; las producciones de este último arte parecen vivas, pero interrogadlas, y veréis que guardan un grave silencio. Lo mismo sucede con los discursos escritos; al oírlos o leerlos creéis que piensan; pero pedidles alguna explicación sobre el objeto que contienen y os responden siempre la misma cosa. Lo que una vez está escrito rueda de mano en mano, pasando de los que entienden la materia a aquellos para quienes no ha sido escrita la obra, y sin saber, por consiguiente, ni con quién debe hablar, ni con quién debe callarse. Si un escrito se ve insultado o despreciado injustamente, tiene siempre necesidad del socorro de su padre; porque por sí mismo es incapaz de rechazar los ataques y de defenderse.

FEDRO. —Tienes también razón.

SÓCRATES. —Pero consideremos los discursos de otra especie, hermana legítima de esta elocuencia bastarda; veamos cómo nace y cómo es mejor y más poderosa que la otra.

FEDRO. —¿Qué discurso es y cuál es su origen  ?

SÓCRATES. —El discurso que está escrito con los caracteres de la ciencia en el alma del que estudia, es el que puede defenderse por sí mismo, el que sabe hablar y callar a tiempo.

FEDRO. —Hablas del discurso vivo y animado, que reside en el alma del que está en posesión de la ciencia, y al lado del cual el discurso escrito no es más que un vano simulacro.

SÓCRATES. —Eso mismo es. Dime: un jardinero inteligente que tuviese semillas que estimara en mucho y que quisiese ver fructificar, ¿las plantaría juiciosamente en estío en los jardines de Adonis  ,[39] para tener el gusto de verlas convertidas en preciosas plantas en ocho días?, o más bien, si tal hiciera, ¿podría ser por otro motivo que por pura diversión o con ocasión de una fiesta? Mas con respecto a tales semillas, seguiría indudablemente las reglas de la agricultura, y las sembraría en un terreno conveniente, contentándose con verlas fructificar a los ocho meses de sembradas.

FEDRO. —Ciertamente, mi querido Sócrates, él se ocuparía de las unas seriamente, y respecto a las otras lo miraría como un recreo.

SÓCRATES. —Y el que posee la ciencia de lo justo, de lo bello y de lo bueno, ¿tendrá, según nuestros principios, menos sabiduría que el jardinero en el empleo de sus semillas?

FEDRO. —Yo no lo creo.

SÓCRATES. —Después de depositarlas en agua negra, no irá a sembrarlas con el auxilio de una pluma y con palabras incapaces de defenderse a sí mismas e incapaces de enseñar suficientemente la verdad.

FEDRO. —No es probable.

SÓCRATES. —No, ciertamente; pero si alguna vez escribe, sembrará sus conocimientos en los jardines de la escritura para divertirse; y formando un tesoro de recuerdos para sí mismo, llegado que sea a la edad en que se resienta la memoria, y lo mismo para todos los demás que lleguen a la vejez, se regocijará viendo crecer estas tiernas plantas; y mientras los demás hombres se entregarán a otras diversiones, pasando su vida en orgías y placeres semejantes, él recreará la suya con la ocupación de que acabo de hablar.

FEDRO. —Es en efecto, Sócrates, un honroso entretenimiento, si se le compara con esos vergonzosos placeres, el ocuparse de discursos y alegorías[40] sobre la justicia y demás cosas de que tú has hablado.

SÓCRATES. —Sí, mi querido Fedro. Pero es aún más noble ocuparse seriamente, auxiliado por la dialéctica y tropezando con un alma bien preparada, en sembrar y plantar con la ciencia discursos capaces de defenderse por sí mismos y defender al que los ha sembrado, y que, en vez de ser estériles, germinarán y producirán en otros corazones otros discursos que, inmortalizando la semilla de la ciencia, darán a todos los que la posean la mayor de las felicidades de la tierra.

FEDRO. —Sí, esa ocupación es de más mérito.

SÓCRATES. —Ahora que ya estamos conformes en los principios, podemos resolver la cuestión.

FEDRO. —¿Cuál?

SÓCRATES. —Aquella, cuyo examen nos ha conducido al punto que ocupamos, a saber: si los discursos de Lisias merecían nuestra censura, y cuáles son en general los discursos hechos con arte o sin arte. Me parece que hemos explicado suficientemente cuándo se siguen las reglas del arte, y cuándo de ellas se separan.

FEDRO. —Lo creo, pero recuérdame las conclusiones.

SÓCRATES. —Antes de conocer la verdadera naturaleza del objeto sobre el que se habla o escribe; antes de estar en disposición de dar una definición general y de distinguir los diferentes elementos  , descendiendo hasta sus partes indivisibles; antes de haber penetrado por el análisis   en la naturaleza del alma, y de haber reconocido la especie de discursos que es propia para convencer a los distintos espíritus; dispuesto y ordenado todo de manera que a un alma compleja se ofrezcan discursos llenos de complejidad y de armonía, y a un alma sencilla discursos sencillos, es imposible manejar perfectamente el arte de la palabra, ni para enseñar ni para persuadir, como queda bien demostrado en todo lo que precede.

FEDRO. —En efecto, tal ha sido nuestra conclusión.

SÓCRATES. —¿Pero qué?, ¿sobre la cuestión de si es lícito o vergonzoso pronunciar o escribir discursos, y bajo qué condiciones este título de autor de discursos puede convertirse en un ultraje, lo que hemos dicho hasta aquí, no nos ha ilustrado suficientemente?

FEDRO. —Explícate.

SÓCRATES. —Hemos dicho, que si Lisias o cualquier otro ha compuesto o llega a componer un escrito sobre un objeto de interés público o privado, si ha redactado leyes, que son, por decirlo así, escritos políticos, y si piensa que hay en ellos mucha solidez y mucha claridad, no sacará otro fruto   que la vergüenza que tendrá, dígase lo que se quiera. Porque ignorar, sea dormido, sea despierto, lo que es justo o injusto, bueno o malo, ¿no sería la cosa más vergonzosa, aun cuando la multitud toda entera nos cubriera de aplausos?

FEDRO. —Sin duda.

SÓCRATES. —Pero supóngase un hombre que piensa que en todo discurso escrito, no importa sobre qué objeto, hay mucho de superfluo; que ningún discurso escrito o pronunciado, sea en verso, sea en prosa, debe mirársele como un asunto serio (a la manera de aquellos trozos que se recitan sin discernimiento y sin ánimo de instruir y con el solo objeto de agradar), y que, en efecto, los mejores discursos escritos no son más que una ocasión de reminiscencia para los hombres que ya saben; supóngase que también cree que los discursos destinados a instruir, escritos verdaderamente en el alma, que tienen por objeto lo justo, lo bello, lo bueno, son los únicos donde se encuentran reunidas claridad, perfección y seriedad, y que tales discursos son hijos legítimos de su autor; primero, los que él mismo produce, y luego los hijos o hermanos de los primeros, que nacen en otras almas sin desmentir su origen; y supóngase, en fin, que tal hombre no reconoce más que estos y desecha con desprecio todos los demás; este hombre podrá ser tal, que Fedro y yo desearíamos ser como él.

FEDRO. —Sí, yo lo deseo, y así lo pido a los dioses.

SÓCRATES. —Basta de diversión sobre el arte de hablar; y tú vas a decir a Lisias, que habiendo bajado al arroyo de las ninfas y al asilo de las musas  , hemos oído discursos ordenándonos que fuésemos a decir a Lisias y a todos los autores de discursos, después a Homero y a todos los poetas líricos o no líricos, y, en fin, a Solón y a todos los que han escrito discursos del género político, bajo el nombre de leyes, que si, componiendo estas obras, alguno de ellos está seguro de poseer la verdad, y si es capaz de defender lo que ha dicho, cuando se le someta a un serio examen, y de superar sus escritos con sus palabras, no deberá llamarse autor de discursos, sino tomar su nombre de la ciencia a la que se ha consagrado por completo.

FEDRO. —¿Qué nombre quieres darles?

SÓCRATES. —El nombre de sabios, mi querido Fedro, me parece que solo conviene a dios; mejor les vendría el de amigos de la sabiduría, y estaría más en armonía con la debilidad humana.

FEDRO. —Lo que dices es muy racional.

SÓCRATES. —Pero el que no tiene cosa mejor que lo que ha escrito y compuesto con despacio,[41] atormentando su pensamiento y añadiendo y quitando sin cesar, nosotros les dejaremos los nombres de poetas, y de autores de leyes y de discursos.

FEDRO. —Sin duda.

SÓCRATES. —Cuéntaselo todo esto a tu amigo.

FEDRO. —¿Pero tú qué piensas hacer?, porque tampoco es justo que te olvides de tu amigo.

SÓCRATES. —¿De quién hablas?

FEDRO. —Del precioso Isócrates, ¿qué le dirás?, ¿o qué diremos de él?

SÓCRATES. —Isócrates es aún joven, mi querido Fedro; sin embargo, quiero participarte lo que siento respecto a él.

FEDRO. —Veamos.

SÓCRATES. —Me parece que tiene demasiado ingenio, para comparar su elocuencia con la de Lisias, y tiene un carácter más generoso. No me sorprenderá, que, adelantando en años, sobresalga en la facultad que cultiva, hasta el punto de que sus predecesores parecerán niños a su lado,[42] y que poco contento de sus adelantos, se lance a ocupaciones más altas por una inspiración divina. Porque hay en su alma una disposición natural   a las meditaciones filosóficas.[43] He aquí lo que yo tengo que anunciar de parte de los dioses de estas riberas a mi amado Isócrates. Haz tú otro tanto respecto a tu querido Lisias.

FEDRO. —Lo haré, pero marchémonos  , porque el aire ha refrescado.

SÓCRATES. —Antes de marchar, dirijamos una plegaria a estos dioses.

FEDRO. —Lo apruebo.

SÓCRATES. —¡Oh Pan y demás divinidades de estas ondas!, dadme la belleza interior del alma, y haced que el exterior en mí esté en armonía con esta belleza espiritual. Que el sabio me parezca siempre rico; y que yo posea solo la riqueza que un hombre sensato puede tener y emplear.

¿Tenemos que hacer algún otro ruego más? Yo no tengo más que pedir.

FEDRO. —Haz los mismos votos por mí; entre amigos todo es común.

SÓCRATES. —Partamos.

Jowett

Soc. Enough appears to have been said by us of a true and false art of speaking.

Phaedr. Certainly.

Soc. But there is something yet to be said of propriety and impropriety of writing.

Phaedr. Yes.

Soc. Do you know how you can speak or act about rhetoric in a manner which will be acceptable to God ?

Phaedr. No, indeed. Do you ?

Soc. I have heard a tradition   of the ancients, whether true or not they only know ; although if we had found the truth ourselves, do you think that we should care much about the opinions of men ?

Phaedr. Your question needs no answer ; but I wish that you would tell me what you say that you have heard.

Soc. At the Egyptian city of Naucratis, there was a famous old god, whose name was Theuth ; the bird which is called the Ibis is sacred to him, and he was the inventor of many arts, such as arithmetic and calculation and geometry and astronomy and draughts and dice, but his great discovery was the use of letters. Now in those days the god Thamus was the king of the whole country of Egypt ; and he dwelt in that great city of Upper Egypt which the Hellenes call Egyptian Thebes, and the god himself is called by them Ammon. To came Theuth and showed his inventions, desiring that the other Egyptians might be allowed to have the benefit of the he enumerated them, and Thamus enquired about their several uses, and praised some of them and censured others, as he approved or disapproved of them. It would take a long time to repeat all that Thamus said to Theuth in praise or blame of the various arts. But when they came to letters, This, said Theuth, will make the Egyptians wiser and give them better memories ; it is a specific both for the memory and for the wit. Thamus replied : O most ingenious Theuth, the parent or inventor of an art is not always the best judge of the utility or inutility of his own inventions to the users of them. And in this instance, you who are the father of letters, from a paternal love of your own children have been led to attribute to them a quality which they cannot have ; for this discovery of yours will create forgetfulness in the learners’ souls, because they will not use their memories ; they will trust to the external written characters and not remember of themselves. The specific which you have discovered is an aid not to memory, but to reminiscence, and you give your disciples not truth, but only the semblance of truth ; they will be hearers of many things and will have learned nothing ; they will appear to be omniscient and will generally know nothing ; they will be tiresome company, having the show of wisdom without the reality.

Phaedr. Yes, Socrates, you can easily invent tales of Egypt, or of any other country.

Soc. There was a tradition in the temple of Dodona that oaks first gave prophetic utterances. The men of old, unlike in their simplicity to young philosophy, deemed that if they heard the truth even from “oak or rock,” it was enough for them ; whereas you seem to consider not whether a thing is or is not true, but who the speaker is and from what country the tale comes.

Phaedr. I acknowledge the justice of your rebuke ; and I think that the Theban is right in his view about letters.

Soc. He would be a very simple person, and quite a stranger to the oracles of Thamus or Ammon, who should leave in writing or receive in writing any art under the idea   that the written word would be intelligible or certain ; or who deemed that writing was at all better than knowledge and recollection of the same matters ?

Phaedr. That is most true.

Soc. I cannot help feeling, Phaedrus, that writing is unfortunately like painting ; for the creations of the painter have the attitude of life, and yet if you ask them a question they preserve a solemn silence. And the same may be said of speeches. You would imagine that they had intelligence, but if you want to know anything and put a question to one of them, the speaker always gives one unvarying answer. And when they have been once written down they are tumbled about anywhere among those who may or may not understand them, and know not to whom they should reply, to whom not : and, if they are maltreated or abused, they have no parent to protect them ; and they cannot protect or defend themselves.

Phaedr. That again is most true.

Soc. Is there not another kind of word or speech far better than this, and having far greater power — a son of the same family, but lawfully begotten ?

Phaedr. Whom do you mean, and what is his origin ?

Soc. I mean an intelligent word graven in the soul of the learner, which can defend itself, and knows when to speak and when to be silent.

Phaedr. You mean the living word of knowledge which has a soul, and of which written word is properly no more than an image ?

Soc. Yes, of course that is what I mean. And now may I be allowed to ask you a question : Would a husbandman, who is a man of sense  , take the seeds, which he values and which he wishes to bear fruit, and in sober seriousness plant them during the heat of summer, in some garden of Adonis, that he may rejoice when he sees them in eight days appearing in beauty ? at least he would do so, if at all, only for the sake of amusement and pastime. But when he is in earnest he sows in fitting soil, and practises husbandry, and is satisfied if in eight months the seeds which he has sown arrive at perfection ?

Phaedr. Yes, Socrates, that will be his way when he is in earnest ; he will do the other, as you say, only in play.

Soc. And can we suppose that he who knows the just and good and honourable has less understanding, than the husbandman, about his own seeds ?

Phaedr. Certainly not.

Soc. Then he will not seriously incline to “write” his thoughts “in water” with pen and ink, sowing words which can neither speak for themselves nor teach the truth adequately to others ?

Phaedr. No, that is not likely.

Soc. No, that is not likely — in the garden of letters he will sow and plant, but only for the sake of recreation and amusement ; he will write them down as memorials to be treasured against the forgetfulness of old age, by himself, or by any other old man who is treading the same path. He will rejoice in beholding their tender growth ; and while others are refreshing their souls with banqueting and the like, this will be the pastime in which his days are spent.

Phaedr. A pastime, Socrates, as noble as the other is ignoble, the pastime of a man who can be amused by serious talk, and can discourse merrily about justice and the like.

Soc. True, Phaedrus. But nobler far is the serious pursuit of the dialectician, who, finding a congenial soul, by the help of science sows and plants therein words which are able to help themselves and him who planted them, and are not unfruitful, but have in them a seed which others brought up in different soils render immortal, making the possessors of it happy to the utmost extent of human happiness.

Phaedr. Far nobler, certainly.

Soc. And now, Phaedrus, having agreed upon the premises we decide about the conclusion.

Phaedr. About what conclusion ?

Soc. About Lysias, whom we censured, and his art of writing, and his discourses, and the rhetorical skill or want of skill which was shown in them — these are the questions which we sought to determine, and they brought us to this point. And I think that we are now pretty well informed about the nature of art and its opposite.

Phaedr. Yes, I think with you ; but I wish that you would repeat what was said.

Soc. Until a man knows the truth of the several particulars of which he is writing or speaking, and is able to define them as they are, and having defined them again to divide them until they can be no longer divided, and until in like manner he is able to discern the nature of the soul, and discover the different modes of discourse which are adapted to different natures, and to arrange and dispose them in such a way that the simple form of speech may be addressed to the simpler nature, and the complex and composite to the more complex nature — until he has accomplished all this, he will be unable to handle arguments according to rules of art, as far as their nature allows them to be subjected to art, either for the purpose of teaching or persuading ; — such is the view which is implied in the whole preceding argument.

Phaedr. Yes, that was our view, certainly.

Soc. Secondly, as to the censure which was passed on the speaking or writing of discourses, and how they might be rightly or wrongly censured — did not our previous argument show ? —

Phaedr. Show what ?

Soc. That whether Lysias or any other writer that ever was or will be, whether private man or statesman, proposes laws and so becomes the author of a political treatise, fancying that there is any great certainty and clearness in his performance, the fact of his so writing is only a disgrace to him, whatever men may say. For not to know the nature of justice and injustice, and good and evil, and not to be able to distinguish the dream from the reality, cannot in truth be otherwise than disgraceful to him, even though he have the applause of the whole world.

Phaedr. Certainly.

Soc. But he who thinks that in the written word there is necessarily much which is not serious, and that neither poetry nor prose, spoken or written, is of any great value, if, like the compositions of the rhapsodes, they are only recited in order to be believed, and not with any view to criticism or instruction ; and who thinks that even the best of writings are but a reminiscence of what we know, and that only in principles of justice and goodness and nobility taught and communicated orally for the sake of instruction and graven in the soul, which is the true way of writing, is there clearness and perfection and seriousness, and that such principles are a man’s own and his legitimate offspring ; — being, in the first place, the word which he finds in his own bosom ; secondly, the brethren and descendants and relations of his others ; — and who cares for them and no others — this is the right sort of man ; and you and I, Phaedrus, would pray that we may become like him.

Phaedr. That is most assuredly my desire and prayer.

Soc. And now the play is played out ; and of rhetoric enough. Go and tell Lysias that to the fountain and school of the Nymphs we went down, and were bidden by them to convey a message to him and to other composers of speeches — to Homer and other writers of poems, whether set to music or not ; and to Solon and others who have composed writings in the form of political discourses which they would term laws — to all of them we are to say that if their compositions are based on knowledge of the truth, and they can defend or prove them, when they are put to the test, by spoken arguments, which leave their writings poor in comparison of them, then they are to be called, not only poets, orators, legislators, but are worthy of a higher name, befitting the serious pursuit of their life.

Phaedr. What name would you assign to them ?

Soc. Wise, I may not call them ; for that is a great name which belongs to God alone, — lovers   of wisdom or philosophers is their modest and befitting title.

Phaedr. Very suitable.

Soc. And he who cannot rise above his own compilations and compositions, which he has been long patching, and piecing, adding some and taking away some, may be justly called poet or speech-maker or law-maker.

Phaedr. Certainly.

Soc. Now go and tell this to your companion.

Phaedr. But there is also a friend of yours who ought not to be forgotten.

Soc. Who is he ?

Phaedr. Isocrates   the fair : — What message will you send to him, and how shall we describe him ?

Soc. Isocrates is still young, Phaedrus ; but I am willing to hazard a prophecy concerning him.

Phaedr. What would you prophesy ?

Soc. I think that he has a genius   which soars above the orations of Lysias, and that his character is cast in a finer mould. My impression of him is that he will marvelously improve as he grows older, and that all former rhetoricians will be as children in comparison of him. And I believe that he will not be satisfied with rhetoric, but that there is in him a divine inspiration which will lead him to things higher still. For he has an element of philosophy in his nature. This is the message of the gods dwelling in this place, and which I will myself deliver to Isocrates, who is my delight ; and do you give the other to Lysias, who is yours.

Phaedr. I will ; and now as the heat is abated let us depart.

Soc. Should we not offer up a prayer first of all to the local deities ?

Phaedr. By all means.

Soc. Beloved Pan, and all ye other gods who haunt this place, give me beauty in the inward soul ; and may the outward and inward man be at one. May I reckon the wise to be the wealthy, and may I have such a quantity of gold as a temperate man and he only can bear and carry. — Anything more ? The prayer, I think, is enough for me.

Phaedr. Ask the same for me, for friends should have all things in common.

Soc. Let us go.


Ver online : PLATÃO


[1Locução que equivale a escrever na areia.

[2Trocadilho espirituoso e inimitável: as palavras gregas que indicam “estar desperto” e “em sonhos” são muito semelhantes. O autor quer dizer que os escritores sem cultura filosófica são comparáveis a homens que estão sempre sonhando.

[3Alusão à fealdade física de Sócrates, que no entanto possui uma bela alma.

[4Isto significa que a felicidade do sábio não depende dos bens materiais; qualquer quantidade de ouro, seja grande ou pequena, o satisfaz, pois só os deuses sabem o que convém a cada um, dando ao homem bom o que lhe é necessário.