Página inicial > Antiguidade > Platão (V-IV aC) > Platão (Fedro:266c-274b) — A verdadeira retórica

Diálogos de Platão

Platão (Fedro:266c-274b) — A verdadeira retórica

Fedro

domingo 12 de dezembro de 2021, por Cardoso de Castro

      
      • b) Aplicações (266c-274b)
        • Avaliação da retórica tradicional
          • descrição
          • crítica
        • Condições da verdadeira retórica
          • dom natural  
          • saber
            • parte/totalidade
            • simplicidade/multiplicidade
          • prática
        • Conclusão
      

Nunes

A possibilidade, Fedro  , de se tornar um bom atleta, apresenta-se provável e necessariamente, da mesma maneira. Se a eloquência for da tua natureza, serás um orador apreciado, com a condição de juntares a isso saber e exercício. Mas se uma dessas condições te faltar, hás de ser um orador imperfeito. E para a arte que corresponde a essa possibilidade, não creio que será no caminho   de Lísias e de Trasímaco que o seu método há de aparecer  .

Fedro - Mas então em que caminho?

Sócrates   - O mais perfeito de todos na arte retórica, meu caro amigo, foi, parece, Péricles.

Fedro - Concordo.

Sócrates - Toda arte levada ao sumo grau deve basear-se em pesquisas e meditações sobre a natureza. Disso é que parece advir-lhes a elevação e a perfeição. Péricles acrescentou esses valores às suas outras capacidades naturais. Tendo conhecido Anaxágoras   (Filósofo grego da escola jônica. Nasceu em Clazomena por volta de 500 a.C. Admitia, como os seus predecessores, uma substância eterna e não pensava que o destino a tivesse organizado. Tudo se achava confundido, no início, dizia Anaxágoras. Foi a inteligência - o “nous” - que pôs ordem   no caos   primitivo das coisas. A influência de Anaxágoras sobre os seus contemporâneos foi muito grande, e Péricles, segundo se afirma, foi seu discípulo em Atenas.), homem   que em tais coisas era admirável, dedicou-se às pesquisas físicas, estudou a natureza do espírito e a ausência de espírito (assuntos de que Anaxágoras falou fartamente) e transfundiu-as para a sua arte retórica, com o que ela muito lucrou.

Fedro - Que queres dizer?

Sócrates - Com a arte retórica se passa mais ou menos a mesma coisa que com a medicina  .

Fedro - Como?

Sócrates - Deves pensar  , naturalmente, que as duas artes são bem distintas pela natureza do seu objeto: uma se relaciona ao corpo, a outra com a alma  . Tens de levar isso em conta se quiseres, não só pela prática e por regras empíricas, mas de acordo com a arte, uma dar saúde e força, ministrando remédios e alimentos, e outra infundir a convicção que desejas, tornando o homem virtuoso mediante discursos e argumentos legítimos.

Fedro - Sim, é muito provável.

Sócrates - E acreditas que seja possível conhecer a natureza da alma sem conhecer o universo  ?

Fedro - Se dermos crédito a Hipócrates, que é um Asclepíades, nem sequer o corpo se pode conhecer sem tal método (Hipócrates, chamado “pai   da medicina” e contemporâneo de Sócrates, foi o mais afamado professor de medicina na Antiguidade  . Asclépio: deus   da medicina. Hipócrates recomendava aos seus alunos que fizessem estudos de filosofia.).

Sócrates - Pois ele tem razão, meu amigo! Mas, além do que disse Hipócrates, devemos consultar também a razão e verificar se ela concorda com essa afirmação.

Fedro - Penso da mesma maneira.

Sócrates - Vejamos, pois, o que dizem Hipócrates e a razão sobre a natureza! Não é esse o procedimento para se determinar as características de qualquer objeto? Primeiro, é necessário se determinar se aquilo que desejamos conhecer, ou sobre o qual pretendemos instruir alguém, é simples ou multiforme. Depois, no caso de ser simples, precisamos saber que capacidades ele tem, por natureza, de influenciar outras coisas ou de ser influenciado por elas. Se, porém, se tratar de um objeto que comporta uma pluralidade de formas, temos de enumerar todas as suas partes e, após enumerá-las, fazer o que já havíamos feito para o caso simples com cada uma das partes enumeradas. Qual dessas partes é capaz de produzir uma ação? E que influência exerce essa ação?

Fedro - Pareces ter razão, Sócrates.

Sócrates - Quem não segue esse método é como se caminhasse às cegas. Mas quem examina uma coisa de acordo com a arte não pode ser comparado a um cego   nem a um surdo e, obviamente, quem expõe um assunto artisticamente deve definir   com exatidão a natureza desse assunto. Ora, tal assunto é a alma.

Fedro - Isso mesmo.

Sócrates - É esse, pois, o objeto do seu esforço. A persuasão é o que ele, orador, se esforça para produzir. Não é isso?

Fedro - Claro que é.

Sócrates - Logo, é evidente que Trasímaco e os outros, que procuram ensinar   a arte retórica, deveriam antes descrever com exatidão o que é a alma e mostrar-nos se ela é por natureza uma coisa simples, ou se, como o corpo, é multiforme. Isso é o que se chama definir a natureza de um objeto.

Fedro - Perfeitamente.

Sócrates - Em segundo lugar nos mostrarão qual seja a ação que, por sua natureza, a alma é capaz de exercer sobre outras coisas, e qual a influência que pode sofrer   por parte dessas.

Fedro - Sim.

Sócrates - Em terceiro lugar, devem-se classificar os gêneros de discursos e de almas, mostrar as influências que estes sofrem e as causas de tais influências, relacionar cada gênero   do primeiro grupo com cada um do segundo e ensinar por qual espécie de discursos cada gênero de almas é necessariamente persuadido, apontar as causas de tal fato, e as razões pelas quais outros gêneros não se deixam convencer.

Fedro - Na verdade, esse parece ser o melhor método.

Sócrates - Evidentemente, meu amigo. A não ser   desse modo, nem este assunto nem outro qualquer poderá ser discutido ou descrito com arte. Mas os que atualmente escrevem sobre a arte de compor discursos, os homens que tu conheces, são astutos: têm conhecimentos sobre a alma, mas escondem-nos. Entretanto, não daremos crédito à sua arte enquanto não falarem e escreverem da seguinte maneira...

Fedro - De que maneira?

Sócrates - Não é muito fácil exprimi-lo com palavras. Direi, porém, de um modo geral, como se deve escrever   para que a exposição seja tão artística quanto o assunto o permite.

Fedro - Então dize!

Sócrates - Visto que a força da eloquência consiste na capacidade de guiar   as almas, aquele que deseja tornar-se orador deve forçosamente conhecer quais formas existem na alma. Elas são em certo número   e têm as suas respectivas qualidades. É por isso que os homens têm caracteres diferentes. Depois de classificar as almas desse modo, deverá distinguir  , também, cada espécie de discurso em suas diferentes qualidades.

Desse modo, há homens que serão persuadidos por certos discursos, enquanto os mesmos argumentos terão pouca ação sobre a alma de outros.

É mister que o orador que aprofundou suficientemente os seus conhecimentos seja capaz de discernir rapidamente, na vida prática, o momento exato em que é oportuno usar uma ou outra forma de argumentação. Se assim não for, ele nunca saberá mais do que sabia quando ainda andava na escola. Quando for capaz de dizer por qual espécie de discurso se pode levar à persuasão as mais diferentes almas, quando, posto à frente de um indivíduo  , ele souber ler no seu coração   e souber reconhecer para si mesmo  : eis o homem, eis o caráter que os meus mestres pintaram. Quando souber aplicar a esse homem o discurso apropriado, quando possuir todos esses conhecimentos, quando souber discernir o momento em que deve se calar ou falar, quando souber empregar ou evitar o estilo conciso ou despertar   com amplificações grandiosas e dramáticas a paixão, só então a sua arte será consumada e perfeita. Mas se esquecer uma dessas regras ao falar em público, ao escrever ou ao dar lições, e apesar disso se considerar senhor da sua arte, teremos plena razão em não acreditar nisso.

Entretanto, o autor de um livro sobre retórica poderia nos perguntar: “Que dizeis, Fedro e Sócrates? Porventura não se pode reconhecer outro gênero de arte retórica? Ou julgais que isso é suficiente?”

Fedro - Impossível, caro Sócrates! O que convém é outra coisa. Entretanto, isso não parece ser nada fácil.

Verdade e probabilidade Sócrates - Tens razão. Por isso mesmo é preciso que examinemos a nossa pesquisa por todos os lados para descobrir se não haverá por acaso um caminho mais curto e mais fácil, e para que a nossa indagação não se desvie por uma estrada longa e áspera, havendo outra mais breve e cômoda.

Se souberes, porém, de alguma coisa que nos possa ajudar, alguma coisa ouvida de Lísias ou de outro, procura lembrar-te e dize-me o que é!

Fedro - A título de tentativa, é possível que tenha conversado sobre tal coisa, mas ainda não sou bastante competente para te esclarecer a respeito.

Sócrates -Queres que eu te fale numa tese que ouvi de outros sobre esse assunto?

Fedro - Peço-te que o faças.

Sócrates - Pelo menos, caro Fedro, dizem que é justo defender até a causa   do lobo.

Fedro - Pois bem, obedece ao provérbio!

Sócrates - Dizem os retóricos que não é necessário considerar a coisa de modo tão solene   nem fazer tantos rodeios. Já no começo da nossa conversa discutimos o seguinte ponto: para ser bom orador não é necessário conhecer a verdade a respeito do que é bom e justo nas ações que os homens praticam, quer da sua natureza, quer por educação. Nos tribunais, portanto, ninguém se preocupa com o conhecimento da verdade, mas só se cuida de saber o que é verossímil. Em consequência, quem quer fazer discursos com arte deve dirigir a atenção ao que é provável. Muitas vezes, numa acusação   ou numa defesa, não convém revelar o que aconteceu de fato, caso não seja verossímil, mas só se deve dizer o que parece ser verdadeiro. Durante o discurso, o orador só deve atentar ao que é convincente e deixar de lado a realidade. Tais são as regras que se devem observar   nos discursos, e nisso consiste toda a arte.

Fedro - Isso, caro Sócrates, é realmente o que dizem os que pretendem ser autoridade   em oratória. Sim, eu me lembro de que já havíamos tocado nisso. Pelo visto, os que se dedicam à arte da retórica consideram esse ponto muito importante.

Sócrates - Mas tu conheces bem as regras de Tísias. O próprio Tísias nos dirá, pois, se o que ele considera verossímil não é o que parece tal à multidão.

Fedro - Como poderia ele pensar de outro modo?

Sócrates - Ele apresentou, ao que parece, o seguinte exemplo muito hábil e técnico: quando um homem fraco, mas corajoso, ataca um homem forte  , mas covarde, rouba-lhe a túnica ou qualquer outro objeto e ambos são conduzidos ao tribunal, nenhum deles deve dizer a verdade; o covarde deve declarar que o outro não estava só quando o atacou; o corajoso, pelo contrário, tratará de provar que os dois   estavam sós e acrescentará: “como ousaria eu atacar tal homem?” O outro, naturalmente, para não confessar sua covardia, inventará novas mentiras, que confundirão o acusado. Também em relação a outros assuntos, as regras da arte retórica são mais ou menos semelhantes a essa. Não é verdade, Fedro?

Fedro - É isso mesmo!

Sócrates - Parece, pois, que foi preciso grande habilidade   para descobrir uma arte tão profunda, quer ela tenha sido inventada por Tísias ou por outro qualquer, e disso gabam-se os retóricos. Caro amigo, devemos ou não devemos dizer-lhe?...

Fedro - O quê?

Sócrates - Isto: já muito antes de apareceres, ó Tísias, havíamos chegado à conclusão de que a verossimilhança domina o espírito da grande massa   pela semelhança   que tem com a verdade. Mostramos, ainda há pouco, que quem conhece a verdade será capaz de discernir com exatidão o que é provável. Se tiveres mais alguma coisa a dizer sobre a arte retórica, ouviremos com prazer. Se não tiveres, será bom não nos afastarmos do que estabelecemos: quem não classificar os caracteres de seus futuros ouvintes, quem não for capaz de dividir por gêneros o existente e reunir   objetos individuais numa única ideia nunca será um artista retórico dentro dos limites humanos. Isso não se consegue sem grande esforço, e quem for sensato não empreenderá tal coisa apenas para se exibir perante os homens, mas sim com o propósito de dizer o que agrada aos deuses e colocando nisso toda a sua energia, assim como desejam os deuses. Eis, ó Tísias, o que dizem homens mais sábios do que nós: aquele que tem discernimento não procurará agradar os seus companheiros de escravidão, mas sim aos seus amos de origem celeste. Não pasme diante da extensão do caminho, pois ele só deve ser trilhado em busca de coisas elevadas, e não para os fins que imaginas. Mas a razão nos mostra que, se alguém porventura o desejar, também conseguirá atingir esse fim magnífico por outra via, diferente da tua.

Fedro - Disseste muito bem, Sócrates. Se, com efeito, alguém for capaz de desejá-lo...

Sócrates - Mas para o homem que pretende possuir o que é belo, belo também será enfrentar os trabalhos que a beleza lhe impõe.

Fedro - Naturalmente.

ARCIS

SÓCRATES. —Pero, a los que se han formado en tu escuela y en la de Lisias, ¿cómo los llamaremos? ¿Nos acogeremos a ese arte de la palabra, mediante el que Trasímaco y otros se han hecho hábiles parlantes, y que enseñan, recibiendo dones, como los reyes, por precio de su enseñanza?[28]

FEDRO. —Son, en efecto, reyes, pero ignoran ciertamente el arte del que hablas. Por lo demás, quizá tengas razón en dar a este arte el nombre de dialéctica, pero me parece que hasta ahora no hemos hablado de la retórica.

SÓCRATES. —¿Qué dices? ¿Puede haber en el arte de la palabra alguna parte importante distinta de la dialéctica? Verdaderamente guardémonos   bien de desdeñarla, y veamos en qué consiste esta retórica de que no hemos hablado.

FEDRO. —No es poco, mi querido Sócrates, lo que se encuentra en los libros de retórica.

SÓCRATES. —Me lo recuerdas muy a tiempo. Lo primero es el exordio, porque así debemos llamar el principio del discurso. ¿No es éste uno de los refinamientos del arte?

FEDRO. —Sí, sin duda.

SÓCRATES. —Después la narración,[29] luego las deposiciones de los testigos, en seguida las pruebas, y por fin las presunciones. Creo que un entendido discursista, que nos ha venido de Bizancio, habla también de la confirmación y de la sub-confirmación.

FEDRO. —¿Hablas del ilustre Teodoro?

SÓCRATES. —Sí, de Teodoro. Nos enseña también cuál debe ser la refutación y la sub-refutación en la acusación y en la defensa. Oigamos igualmente al hábil Éveno de Paros, que ha inventado la insinuación y las alabanzas recíprocas. Se dice también que ha puesto en versos mnemónicos la teoría de los ataques indirectos; en fin, es un sabio. ¿Dejaremos dormir a Tisias y Gorgias? Éstos han descubierto que la verosimilitud vale más que la verdad, y saben, por medio de su palabra omnipotente, hacer que las cosas grandes parezcan pequeñas, y pequeñas las grandes; dar un aire de novedad a lo que es antiguo, y un aire de antigüedad a lo que es nuevo; en fin, han encontrado el medio de hablar indiferentemente sobre el mismo objeto de una manera concisa o de una manera difusa.

Un día que yo hablaba a Pródico, se echó a reír, y me aseguró que solo él estaba en posesión del buen método, que era preciso evitar la concisión y los desarrollos ociosos, conservándose siempre en un término medio.

FEDRO. —Perfectamente, Pródico.[30]

SÓCRATES. —¿Qué diremos de Hipias? Porque pienso que el natural   de Elis debe ser del mismo dictamen.

FEDRO:

¿Por qué no?

SÓCRATES. —¿Qué diremos de Polo con sus consonancias, sus repeticiones, su abuso de sentencias y de metáforas, y estas palabras que ha tomado de las lecciones de Licimnio, para adornar sus discursos?

FEDRO. —Protágoras,[31] mi querido Sócrates, ¿no enseñaba artificios del mismo género?

SÓCRATES. —Su manera, mi querido joven, era notable por cierta propiedad de expresión unida a otras bellas cualidades. En el arte de excitar a la compasión, en favor de la ancianidad o de la pobreza  , por medio de exclamaciones patéticas, nadie se puede comparar con el poderoso retórico de Calcedonia.[32] Es un hombre que lo mismo agita que aquieta a la multitud, a manera de encantamiento, de lo que él mismo se alaba. Es tan capaz para acumular acusaciones, como para destruirlas, sin importarle el cómo. En cuanto al fin de sus discursos, en todos es el mismo, ya le llame recapitulación o le dé cualquier otro nombre.

FEDRO. —¿Quieres decir el resumen, que se hace al concluir un discurso, para recordar a los oyentes lo que se ha dicho?

SÓCRATES. —Eso mismo. ¿Crees que me haya   olvidado de alguno de los secretos del arte oratorio?

FEDRO. —Es tan poco lo olvidado que no merece la pena   de hablar de ello.

SÓCRATES. —Pues bien, no hablemos más de eso, y tratemos ahora de ver de una manera patente lo que valen estos artificios, y dónde brilla el poder de la retórica.

FEDRO. —Es, en efecto, un arte poderoso, Sócrates, por lo menos en las asambleas populares.

SÓCRATES. —Es cierto. Pero mira, mi excelente amigo, si no adviertes, como yo, que estas sabias composiciones descubren la trama en muchos pasajes.

FEDRO. —Explícate más.

SÓCRATES. —Dime, si alguno encontrase a tu amigo Erixímaco o a su padre Acúmeno   y les dijese: —Yo sé, mediante la aplicación de ciertas sustancias, calentar o enfriar el cuerpo a mi voluntad, provocar evacuaciones por todos los conductos, y producir otros efectos semejantes; y con esta ciencia puedo pasar por médico, y me creo capaz de convertir en médicos a las personas a quienes comunique mi ciencia. A tu parecer, ¿qué responderían tus ilustres amigos?

FEDRO. —Ciertamente le preguntarían si sabe además a qué enfermos es preciso aplicar estos remedios, en qué casos y en qué dosis  .

SÓCRATES. —Él les respondería que de eso no sabe nada, pero que con seguridad el que reciba sus lecciones sabrá llenar todas estas condiciones.

FEDRO. —Creo que mis amigos dirían que nuestro hombre estaba loco, y que habiendo abierto por casualidad un libro de medicina u oído hablar de algunos remedios, se imagina con solo esto ser médico, aunque no entienda una palabra.

SÓCRATES. —Y si alguno, dirigiéndose a Sófocles o a Eurípides, les dijese: —Yo sé presentar  , sobre el objeto más mezquino, los desarrollos más extensos, y tratar brevemente la más vasta materia, sé hacer discursos indistintamente patéticos, terribles o amenazadores; poseo además otros conocimientos semejantes, y me comprometo, enseñando este arte a alguno, a ponerlo en estado   de componer una tragedia.

FEDRO. —Estos dos poetas, Sócrates, podrían con razón echarse a reír de este hombre, que se imaginaba hacer una tragedia de todas estas partes reunidas a la casualidad, sin acuerdo, sin proporciones y sin idea   del conjunto.

SÓCRATES. —Pero se guardarían bien de burlarse de él groseramente. Si un músico encontrase a un hombre que cree saber perfectamente la armonía, porque sabe sacar de una cuerda el sonido más agudo o el sonido más grave, no le diría bruscamente: —Desgraciado, tú has perdido la cabeza. Sino que, como digno favorito de las musas  , le diría con dulzura: —Querido mío, es preciso saber lo que tú sabes para conocer la armonía; sin embargo, se puede estar a tu altura sin entenderla; tú posees las nociones preliminares del arte, pero no el arte mismo.

FEDRO. —Eso sería hablar muy sensatamente.

SÓCRATES. —Lo mismo diría Sófocles a su hombre, que posee los elementos   del arte trágico, pero no el arte mismo; y Acúmeno diría al suyo, que conocía las nociones preliminares de la medicina, pero no la medicina misma.

FEDRO. —Ciertamente.

SÓCRATES. —Pero ¿qué dirían Adrasto, el de la elocuencia dulce como la miel, o Pericles, si nos hubiesen oído hablar antes de los bellos preceptos del arte oratorio, del estilo conciso o figurado, y de todos los demás artificios que nos propusimos examinar con toda claridad? ¿Tendrían ellos, como tú y yo, la grosería de dirigir insultos de mal tono, a los que imaginaron estos preceptos, y los dan a sus discípulos por el arte oratorio, o, más sabios que nosotros, a nosotros sería a quienes dirigirían sus cargos con más razón? —¡Oh Fedro! ¡Oh Sócrates!, dirían, en vez de enfadaros, deberíais perdonar a los que, ignorando la dialéctica, no han podido, como resultado de su ignorancia, definir el arte de la palabra; ellos poseen nociones preliminares de la retórica y se figuran con esto saber la retórica misma; y cuando enseñan todos estos detalles a sus discípulos, creen enseñarles perfectamente el arte oratorio; pero, en cuanto al arte de ordenar todos estos medios, con la mira de producir el convencimiento y dar forma a todo el discurso, creyendo ser esto cosa demasiado fácil, dejan a sus discípulos el cuidado   de gobernarse por sí mismos, cuando tengan que componer una arenga.

FEDRO. —Podrá suceder que tal sea el arte de la retórica que estos hombres tan célebres enseñan en sus lecciones y en sus tratados, y creo que en este punto tú tienes razón. Pero la verdadera retórica, el arte de persuadir, ¿cómo y dónde puede adquirirse?

SÓCRATES. —La perfección en las luchas de la palabra está sometida, a mi parecer, a las mismas condiciones que la perfección en las demás clases de lucha. Si la naturaleza te ha hecho orador, y si cultivas estas buenas disposiciones mediante la ciencia y el estudio, llegarás a ser notable algún día; pero si te falta alguna de estas condiciones, jamás tendrás sino una elocuencia imperfecta. En cuanto al arte, existe un método que debe seguirse; pero Tisias y Trasímaco no me parecen los mejores guías.

FEDRO. —¿Cuál es ese método?

SÓCRATES. —Pericles pudo haber sido el hombre más consumado en el arte oratorio.

FEDRO. —¿Cómo?

SÓCRATES. —Todas las grandes artes se inspiran en estas especulaciones ociosas e indiscretas que pretenden penetrar los secretos de la naturaleza;[33] sin ellas no puede elevarse el espíritu ni perfeccionarse en ninguna ciencia, cualquiera que sea.[34] Pericles desarrolló mediante estos estudios trascendentales su talento natural; tropezó, yo creo, con Anaxágoras, que se había entregado por entero a los mismos estudios y se nutrió cerca de él con estas especulaciones. Anaxágoras le enseñó la distinción de los seres dotados de razón y de los seres privados de inteligencia, materia que trató muy por extenso, y Pericles sacó de aquí para el arte oratorio todo lo que le podía ser útil.

FEDRO. —¿Qué quieres decir?

SÓCRATES. —Con la retórica sucede lo mismo que con la medicina.

FEDRO. —Explícate.

SÓCRATES. —Estas dos artes piden un análisis   exacto de la naturaleza, uno de la naturaleza del cuerpo, otro de la naturaleza del alma; siempre que no tomes por única guía la rutina y la experiencia, y que reclames al arte sus luces, para dar al cuerpo salud y fuerza por medio de los remedios y el régimen, y dar al alma convicciones y virtudes por medio de sabios discursos y útiles enseñanzas.

FEDRO. —Es muy probable, Sócrates.

SÓCRATES. —¿Piensas que se pueda conocer suficientemente la naturaleza del alma, sin conocer la naturaleza universal  ?

FEDRO. —Si hemos de creer a Hipócrates, el descendiente de los hijos de Asclepio, no es posible, sin este estudio preparatorio, conocer la naturaleza del cuerpo.

SÓCRATES. —Muy bien, amigo mío; sin embargo, después de haber consultado a Hipócrates, es preciso consultar la razón, y ver si está de acuerdo con ella.

FEDRO. —Soy de tu dictamen.

SÓCRATES. —Examina, pues, lo que Hipócrates y la recta razón dicen sobre la naturaleza. ¿No es así como debemos proceder en las reflexiones que hagamos sobre la naturaleza de cada cosa? Lo primero que debemos examinar, es el objeto que nos proponemos y que queremos hacer conocer a los demás, si es simple o compuesto; después, si es simple, cuáles son sus propiedades, cómo y sobre qué cosas obra, y de qué manera puede ser afectado; si es compuesto, contaremos las partes que puedan distinguirse, y sobre cada una de ellas haremos el mismo examen que hubiésemos hecho sobre el objeto reducido a la unidad, para determinar así todos las propiedades activas y pasivas.

FEDRO. —Ese procedimiento es quizá el mejor.

SÓCRATES. —Todo el que siga otro se lanza por un camino desconocido. No es obra de un ciego, ni de un sordo, tratar un objeto cualquiera conforme a las reglas del método. El que, por ejemplo, siga en todos sus discursos un orden metódico, explicará exactamente la esencia del objeto a que se refieren todas sus palabras, y este objeto no es otro que el alma.

FEDRO. —Sin duda.

SÓCRATES. —¿No es, en efecto, por este rumbo por donde debe dirigir todos sus esfuerzos? ¿No es el alma el asiento de la convicción? ¿Qué te parece de esto?

FEDRO. —Convengo en ello.

SÓCRATES. —Es evidente, que Trasímaco o cualquier otro que quiera enseñar seriamente la retórica, describirá por lo pronto el alma con exactitud, y hará ver si es una sustancia simple e idéntica, o si es compuesta como el cuerpo. ¿No es esto explicar la naturaleza de una cosa?

FEDRO. —Sí.

SÓCRATES. —En seguida describirá sus facultades y las diversas maneras como puede ser afectada.

FEDRO. —Sin duda.

SÓCRATES. —En fin, después de haber hecho una clasificación de las diferentes especies de discursos y de almas, dirá cómo puede obrarse sobre ellas, apropiando cada género de elocuencia a cada auditorio; y demostrará cómo ciertos discursos deben persuadir a ciertos espíritus y no tendrán influencia sobre otros.

FEDRO. —Tu método me parece maravilloso.

SÓCRATES. —Por lo tanto, amigo mío, lo que se enseñe o componga de otra manera no puede serlo con arte, ya recaiga sobre esta materia o ya sobre cualquier otra. Pero los que en nuestros días han escrito tratados de retórica, de que has oído hablar, han hecho farsas con las que disimulan el exacto conocimiento que sus autores tienen del alma humana. Mientras no hablen y escriban de la manera dicha, no creamos que poseen el arte verdadero.

FEDRO. —¿Cuál es esa manera?

SÓCRATES. —Es difícil encontrar términos exactos para hacerte la explicación. Pero ensayaré, en cuanto me sea posible, decirte el orden que se debe seguir en un tratado redactado con arte.

FEDRO. —Habla.

SÓCRATES. —Puesto que el arte oratorio no es más que el arte de conducir las almas, es preciso que el que quiera hacerse orador sepa cuántas especies de almas hay. Hay cierto número de ellas y tienen ciertas cualidades, de donde procede que los hombres tienen diferentes caracteres. Sentada esta división, es preciso distinguir también cada especie de discursos por sus cualidades particulares.

Así es que hay hombres a quienes persuadirán ciertos discursos en determinadas circunstancias por tal o cual razón, mientras que los mismos argumentos moverán muy poco a otros espíritus. En seguida es preciso que el orador, que ha profundizado suficientemente estos principios, sea capaz de hacer la aplicación de ellos en la práctica de la vida, y de discernir con una ojeada rápida el momento en que es preciso usar de ellos; de otra manera nunca sabrá más de lo que sabía al lado de los maestros. Cuando esté en posición de poder decir mediante qué discursos se puede llevar la convicción a las almas más diversas; cuando, puesto en presencia de un individuo, sepa leer en su corazón y pueda decirse a sí mismo: «He aquí el hombre, he aquí el carácter que mis maestros me han pintado; él está delante de mí; y para persuadirle de tal o cual cosa deberé usar de tal o cual lenguaje»; cuando él posea todos estos conocimientos; cuando sepa distinguir las ocasiones en que es preciso hablar y en las que es preciso callar; cuando sepa emplear o evitar con oportunidad el estilo conciso, las quejas lastimeras, las amplificaciones magníficas y todos los demás giros que la escuela le haya enseñado; solo entonces poseerá el arte de la palabra. Pero cualquiera que en sus discursos, sus lecciones o sus obras, olvide alguna de estas reglas, nosotros no le creeremos, si pretende que habla con arte. —¡Y bien!, Sócrates, ¡y bien!, Fedro, nos dirá quizá el autor de nuestra retórica, ¿es así o de otra manera, a juicio vuestro, como debe concebirse el arte de la palabra?

FEDRO. —No es posible formar del asunto una idea diferente, mi querido Sócrates; pero no es poco emprender tan extenso estudio.

SÓCRATES. —Dices verdad. Por lo tanto examinemos en todos sentidos todos los discursos, para ver si se encuentra un camino más llano y más corto, y no empeñarnos temerariamente en un sendero tan difícil y lleno de revueltas, cuando podemos dispensarnos de ello. Si Lisias o cualquier otro orador nos puede servir de algo, es llegado el caso de recordarte sus lecciones y de repetírmelas.

FEDRO. —No es por falta de voluntad, pero nada recuerda mi espíritu.

SÓCRATES. —¿Quieres que te refiera ciertos discursos, que oí a los que se ocupan de estas materias?

FEDRO. —Ya escucho.

SÓCRATES. —Se dice, mi querido amigo, que es justo abogar hasta en defensa del lobo.

FEDRO. —¡Y bien!, atempérate a ese proverbio.

SÓCRATES. —Los retóricos nos dicen, que no hay para qué alabar tanto nuestra dialéctica, y que con todo este aparato metódico nos vemos privados de movernos libremente. Añaden, como decía yo al comenzar esta discusión, que es inútil, para hacerse un gran orador, conocer la naturaleza de lo bueno y de lo justo, ni las cualidades naturales o adquiridas de los hombres; que, sobre todo, ante los tribunales debe cuidarse poco de la verdad, sino solamente de la persuasión; que a persuadir deben dirigirse todos los esfuerzos, cuando se quiere hablar con arte; que hay casos en que debe evitarse exponer los hechos como pasaron, si lo verdadero cesa de ser probable, para presentarlos de una manera plausible sea en la acusación o en la defensa; que, en una palabra, el orador no debe tener otro norte   que la apariencia, sin cuidarse para nada de la realidad. He aquí, dicen ellos, los artificios, que, aplicándose a todos los discursos, constituyen la retórica entera.

FEDRO. —Has expuesto muy bien, Sócrates, las opiniones de los que se suponen hábiles en el arte oratorio; recuerdo en efecto, que precedentemente hemos hablado algo sobre esto; estos famosos maestros miran este sistema como el colmo del arte.

SÓCRATES. —Conoces a fondo a tu amigo Tisias; que él mismo nos diga si por verosimilitud entiende otra cosa que lo que parece verdadero a la multitud.

FEDRO. —¿Podría definírsela de otra manera?

SÓCRATES. —Habiendo descubierto esta regla tan sabia, que es el principio del arte, Tisias ha escrito que un hombre débil y valiente que es llevado ante el tribunal por haber apaleado a un hombre fuerte y cobarde, y por haberle robado la capa o cualquier otra cosa, no deberá decir palabra de verdad, lo mismo que hará el robado. El cobarde no confesará que ha sido apaleado por un hombre más valiente que él; el acusado probará que estaban solos, y se aprovechará de esta circunstancia para razonar así: —Débil como soy, ¿cómo era posible que yo me las hubiera con un hombre tan fuerte? Éste, replicando, no confesará su cobardía, pero buscará algún otro subterfugio, que dará quizá ocasión a confundir a su adversario. Todo lo demás es por este estilo, y he aquí lo que ellos llaman hablar con arte. ¿No es así? Fedro.

FEDRO. —Así es.

SÓCRATES. —En verdad, para descubrir un arte tan misterioso, ha sido preciso un hombre muy hábil, ya se llame Tisias o de cualquier otro modo, y cualquiera que sea su patria; pero, amigo mío, ¿no podríamos dirigirle estas palabras?

FEDRO. —¿Qué palabras?

SÓCRATES. —Antes que tú, Tisias, hubieses tomado la palabra, sabíamos nosotros que la multitud se deja seducir por la verosimilitud a causa de su relación con la verdad, y ya antes habíamos dicho que el que conoce la verdad sabrá también en todas circunstancias encontrar lo que se le aproxima. Si tienes alguna otra cosa que decirnos sobre el arte oratorio, estamos dispuestos a escucharte; si no, nos atendremos a los principios que hemos sentado, y si el orador no ha hecho una clasificación exacta de los diferentes caracteres de sus oyentes, si no sabe analizar los objetos, y reducir en seguida las partes que haya distinguido a la unidad de una noción general, no llegará jamás a perfeccionarse en el arte oratorio, en cuanto cabe en lo humano. Pero este talento no le adquirirá sin un inmenso trabajo, al cual no se someterá el sabio por miramiento a los hombres, ni por dirigir sus negocios, sino con la esperanza de agradar a los dioses con todas sus palabras y con todas sus acciones en la medida de las fuerzas humanas. No, Tisias, y en esto puedes creer a hombres más sabios que nosotros, no es a sus compañeros   de esclavitud a quienes el hombre dotado de razón debe esforzarse en agradar, como no sea de paso, sino a sus amos celestes y de celeste origen  . Cesa, pues, de sorprenderte, si el circuito es grande, porque el término adonde conduce es muy distinto que el que tú imaginas. Por otra parte, la razón nos dice que por un esfuerzo de nuestra libre voluntad podemos aspirar, por la senda que dejamos indicada, a resultado tan magnífico.

FEDRO. —Muy bien, mi querido Sócrates; pero ¿será dado a todos tener esta fuerza?

SÓCRATES. —Cuando el fin es sublime, todo lo que se sufre para conseguirlo no lo es menos.

FEDRO. —Ciertamente.

Jowett

Soc. And I should like to know what name you would give to your or to Lysias’ disciples, and whether this may not be that famous art of rhetoric which Thrasymachus and others teach and practise ? Skilful speakers they are, and impart their skill to any who is willing to make kings of them and to bring gifts to them.

Phaedr. Yes, they are royal men ; but their art is not the same with the art of those whom you call, and rightly, in my opinion, dialecticians : — Still we are in the dark about rhetoric.

Soc. What do you mean ? The remains of it, if there be anything remaining which can be brought under rules of art, must be a fine thing ; and, at any rate, is not to be despised by you and me. But how much is left ?

Phaedr. There is a great deal surely to be found in books of rhetoric ?

Soc. Yes ; thank you for reminding me : — There is the exordium, showing how the speech should begin, if I remember rightly ; that is what you mean — the niceties of the art ?

Phaedr. Yes.

Soc. Then follows the statement of facts, and upon that witnesses ; thirdly, proofs ; fourthly, probabilities are to come ; the great Byzantian word-maker also speaks, if I am not mistaken, of confirmation and further confirmation.

Phaedr. You mean the excellent Theodorus.

Soc. Yes ; and he tells how refutation or further refutation is to be managed, whether in accusation or defence. I ought also to mention the illustrious Parian, Evenus, who first invented insinuations and indirect praises ; and also indirect censures, which according to some he put into verse to help the memory. But shall I “to dumb forgetfulness consign” Tisias and Gorgias, who are not ignorant that probability is superior to truth, and who by : force of argument make the little appear great and the great little, disguise the new in old fashions and the old in new fashions, and have discovered forms for everything, either short or going on to infinity. I remember Prodicus laughing when I told him of this ; he said that he had himself discovered the true rule of art, which was to be neither long nor short, but of a convenient length.

Phaedr. Well   done, Prodicus !

Soc. Then there is Hippias the Elean stranger, who probably agrees with him.

Phaedr. Yes.

Soc. And there is also Polus, who has treasuries of diplasiology, and gnomology, and eikonology, and who teaches in them the names of which Licymnius made him a present ; they were to give a polish.

Phaedr. Had not Protagoras something of the same sort ?

Soc. Yes, rules of correct diction and many other fine precepts ; for the “sorrows of a poor old man,” or any other pathetic case, no one is better than the Chalcedonian giant ; he can put a whole company of people into a passion and out of one again by his mighty magic, and is first-rate at inventing or disposing of any sort of calumny on any grounds or none. All of them agree in asserting that a speech should end in a recapitulation, though they do not all agree to use the same word.

Phaedr. You mean that there should be a summing up of the arguments in order to remind the hearers of them.

Soc. I have now said all that I have to say of the art of rhetoric : have you anything to add ?

Phaedr. Not much ; nothing very important.

Soc. Leave the unimportant and let us bring the really important question into the light   of day, which is : What power has this art of rhetoric, and when ?

Phaedr. A very great power in public meetings.

Soc. It has. But I should like to know whether you have the same feeling as I have about the rhetoricians ? To me there seem to be a great many holes in their web.

Phaedr. Give an example.

Soc. I will. Suppose a person to come to your friend Eryximachus, or to his father Acumenus, and to say to him : “I know how to apply drugs which shall have either a heating or a cooling effect, and I can give a vomit and also a purge, and all that sort of thing ; and knowing all this, as I do, I claim to be a physician and to make physicians by imparting this knowledge to others,” — what do you suppose that they would say ?

Phaedr. They would be sure to ask him whether he knew “to whom” he would give his medicines, and “when,” and “how much.”

Soc. And suppose that he were to reply : “No ; I know nothing of all that ; I expect the patient who consults me to be able to do these things for himself” ?

Phaedr. They would say in reply that he is a madman or pedant who fancies that he is a physician because he has read something in a book, or has stumbled on a prescription or two, although he has no real understanding of the art of medicine.

Soc. And suppose a person were to come to Sophocles or Euripides and say that he knows how to make a very long speech about a small matter, and a short speech about a great matter, and also a sorrowful speech, or a terrible, or threatening speech, or any other kind of speech, and in teaching this fancies that he is teaching the art of tragedy ?

Phaedr. They too would surely laugh at him if he fancies that tragedy is anything but the arranging of these elements in a manner which will be suitable to one another and to the whole.

Soc. But I do not suppose that they would be rude or abusive to him : Would they not treat him as a musician would a man who thinks that he is a harmonist because he knows how to pitch the highest and lowest notes ; happening to meet such an one he would not say to him savagely, “Fool, you are mad !” But like a musician, in a gentle and harmonious tone of voice, he would answer : “My good friend, he who would be a harmonist must certainly know this, and yet he may understand nothing of harmony if he has not got beyond your stage of knowledge, for you only know the preliminaries of harmony and not harmony itself.”

Phaedr. Very true.

Soc. And will not Sophocles say to the display of the would-be tragedian, that this is not tragedy but the preliminaries of tragedy ? and will not Acumenus say the same of medicine to the would-be physician ?

Phaedr. Quite true.

Soc. And if Adrastus the mellifluous or Pericles heard of these wonderful arts, brachylogies and eikonologies and all the hard names which we have been endeavouring to draw into the light of day, what would they say ? Instead of losing temper and applying uncomplimentary epithets, as you and I have been doing, to the authors of such an imaginary art, their superior wisdom would rather censure us, as well as them. “Have a little patience, Phaedrus and Socrates, they would say ; you should not be in such a passion with those who from some want of dialectical skill are unable to define the nature of rhetoric, and consequently suppose that they have found the art in the preliminary conditions of it, and when these have been taught by them to others, fancy that the whole art of rhetoric has been taught by them ; but as to using the several instruments of the art effectively, or making the composition a whole, — an application of it such as this is they regard as an easy thing which their disciples may make for themselves.”

Phaedr. I quite admit, Socrates, that the art of rhetoric which these men teach and of which they write is such as you describe — there I agree with you. But I still want to know where and how the true art of rhetoric and persuasion is to be acquired.

Soc. The perfection which is required of the finished orator is, or rather must be, like the perfection of anything else ; partly given by nature, but may also be assisted by art. If you have the natural power and add to it knowledge and practice, you will be a distinguished speaker ; if you fall short in either of these, you will be to that extent defective. But the art, as far as there is an art, of rhetoric does not lie in the direction of Lysias or Thrasymachus.

Phaedr. In what direction then ?

Soc. I conceive Pericles to have been the most accomplished of rhetoricians.

Phaedr. What of that ?

Soc. All the great arts require discussion and high speculation about the truths of nature ; hence come loftiness of thought and completeness of execution. And this, as I conceive, was the quality which, in addition to his natural gifts, Pericles acquired from his intercourse with Anaxagoras whom he happened to know. He was thus imbued with the higher philosophy, and attained the knowledge of Mind   and the negative of Mind, which were favourite themes of Anaxagoras, and applied what suited his purpose to the art of speaking.

Phaedr. Explain.

Soc. Rhetoric is like medicine.

Phaedr. How so ?

Soc. Why, because medicine has to define the nature of the body and rhetoric of the soul — if we would proceed, not empirically but scientifically, in the one case to impart health and strength by giving medicine and food in the other to implant the conviction or virtue which you desire, by the right application of words and training.

Phaedr. There, Socrates, I suspect that you are right.

Soc. And do you think that you can know the nature of the soul intelligently without knowing the nature of the whole ?

Phaedr. Hippocrates the Asclepiad says that the nature even of the body can only be understood as a whole.

Soc. Yes, friend, and he was right : — still, we ought not to be content with the name of Hippocrates, but to examine and see whether his argument agrees with his conception of nature.

Phaedr. I agree.

Soc. Then consider what truth as well as Hippocrates says about this or about any other nature. Ought we not to consider first whether that which we wish to learn and to teach is a simple or multiform thing, and if simple, then to enquire what power it has of acting or being acted upon in relation to other things, and if multiform, then to number the forms ; and see first in the case of one of them, and then in. case of all of them, what is that power of acting or being acted upon which makes each and all of them to be what they are ?

Phaedr. You may very likely be right, Socrates.

Soc. The method which proceeds without analysis   is like the groping of a blind man. Yet, surely, he who is an artist ought not to admit of a comparison with the blind, or deaf. The rhetorician, who teaches his pupil to speak scientifically, will particularly set forth the nature of that being to which he addresses his speeches ; and this, I conceive, to be the soul.

Phaedr. Certainly.

Soc. His whole effort is directed to the soul ; for in that he seeks to produce conviction.

Phaedr. Yes.

Soc. Then clearly, Thrasymachus or any one else who teaches rhetoric in earnest will give an exact description of the nature of the soul ; which will enable us to see whether she be single and same, or, like the body, multiform. That is what we should call showing the nature of the soul.

Phaedr. Exactly.

Soc. He will explain, secondly, the mode in which she acts or is acted upon.

Phaedr. True.

Soc. Thirdly, having classified men and speeches, and their kinds and affections, and adapted them to one another, he will tell the reasons of his arrangement, and show why one soul is persuaded by a particular form of argument, and another not.

Phaedr. You have hit upon a very good way.

Soc. Yes, that is the true and only way in which any subject can be set forth or treated by rules of art, whether in speaking or writing. But the writers of the present day, at whose feet you have sat, craftily, conceal the nature of the soul which they know quite well. Nor, until they adopt our method of reading and writing, can we admit that they write by rules of art ?

Phaedr. What is our method ?

Soc. I cannot give you the exact details ; but I should like to tell you generally, as far as is in my power, how a man ought to proceed according to rules of art.

Phaedr. Let me hear.

Soc. Oratory is the art of enchanting the soul, and therefore he who would be an orator has to learn the differences of human souls — they are so many and of such a nature, and from them come the differences between man and man. Having proceeded thus far in his analysis, he will next divide speeches into their different classes : — “Such and such persons,” he will say, “are affected by this or that kind of speech in this or that way,” and he will tell you why. The pupil must have a good theoretical notion of them first, and then he must have experience of them in actual life, and be able to follow them with all his senses about him, or he will never get beyond the precepts of his masters. But when he understands what persons are persuaded by what arguments, and sees the person about whom he was speaking in the abstract actually before him, and knows that it is he, and can say to himself, “This is the man or this is the character who ought to have a certain argument applied to him in order to convince him of a certain opinion” ; — he who knows all this, and knows also when he should speak and when he should refrain, and when he should use pithy sayings, pathetic appeals, sensational effects, and all the other modes of speech which he has learned ; — when, I say, he knows the times and seasons of all these things, then, and not till then, he is a perfect master of his art ; but if he fail in any of these points, whether in speaking or teaching or writing them, and yet declares that he speaks by rules of art, he who says “I don’t believe you” has the better of him. Well, the teacher will say, is this, and Socrates, your account of the so-called art of rhetoric, or am I to look for another ?

Phaedr. He must take this, Socrates for there is no possibility of another, and yet the creation of such an art is not easy.

Soc. Very true ; and therefore let us consider this matter in every light, and see whether we cannot find a shorter and easier road ; there is no use in taking a long rough round-about way if there be a shorter and easier one. And I wish that you would try and remember whether you have heard from Lysias or any one else anything which might be of service to us.

Phaedr. If trying would avail, then I might ; but at the moment I can think of nothing.

Soc. Suppose I tell you something which somebody who knows told me.

Phaedr. Certainly.

Soc. May not “the wolf,” as the proverb says, “claim a hearing” ?

Phaedr. Do you say what can be said for him.

Soc. He will argue that is no use in putting a solemn face on these matters, or in going round and round, until you arrive at first principles ; for, as I said at first, when the question is of justice and good, or is a question in which men are concerned who are just and good, either by nature or habit, he who would be a skilful rhetorician has ; no need of truth — for that in courts of law men literally care nothing about truth, but only about conviction : and this is based on probability, to which who would be a skilful orator should therefore give his whole attention. And they say also that there are cases in which the actual facts, if they are improbable, ought to be withheld, and only the probabilities should be told either in accusation or defence, and that always in speaking, the orator should keep probability in view, and say good-bye to the truth. And the observance, of this principle throughout a speech furnishes the whole art.

Phaedr. That is what the professors of rhetoric do actually say, Socrates. I have not forgotten that we have quite briefly touched upon this matter already ; with them the point is all-important.

Soc. I dare say that you are familiar with Tisias. Does he not define probability to be that which the many think ?

Phaedr. Certainly, he does.

Soc. I believe that he has a clever and ingenious case of this sort : — He supposes a feeble and valiant man to have assaulted a strong and cowardly one, and to have robbed him of his coat or of something or other ; he is brought into court, and then Tisias says that both parties should tell lies : the coward should say that he was assaulted by more men than one ; the other should prove that they were alone, and should argue thus : “How could a weak man like me have assaulted a strong man like him ?” The complainant will not like to confess his own cowardice, and will therefore invent some other lie which his adversary will thus gain an opportunity of refuting. And there are other devices of the same kind which have a place in the system. Am I not right, Phaedrus ?

Phaedr. Certainly.

Soc. Bless me, what a wonderfully mysterious art is this which Tisias or some other gentleman, in whatever name or country he rejoices, has discovered. Shall we say a word to him or not ?

Phaedr. What shall we say to him ?

Soc. Let us tell him that, before he appeared, you and I were saying that the probability of which he speaks was engendered in the minds of the many by the likeness of the truth, and we had just been affirming that he who knew the truth would always know best how to discover the resemblances of the truth. If he has anything else to say about the art of speaking we should like to hear him ; but if not, we are satisfied with our own view, that unless a man estimates the various characters of his heaters and is able to divide all things into classes and to comprehend them under single ideas he will never be a skilful rhetorician even within the limits of human power. And this skill he will not attain without a great deal of trouble, which a good man ought to undergo, not for the sake of speaking and acting before men, but in order that he may be able to say what is acceptable to God and always to act acceptably to Him as far as in him lies ; for there is a saying of wiser men than ourselves, that a man of sense   should not try to please his fellow-servants (at least this should not be his first object) but his good and noble masters ; and therefore if the way is long and circuitous, marvel not at this, for, where the end is great, there we may take the longer road, but not for lesser ends such as yours. Truly, the argument may say, Tisias, that if you do not mind going so far, rhetoric has a fair beginning here.

Phaedr. I think, Socrates, that this is admirable, if only practicable.

Soc. But even to fail in an honourable object is honourable.

Phaedr. True.


Ver online : PLATÃO