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Filosofia dos meios técnicos
Beaune (FMT) – Meio Técnico
A matéria, o instrumento, o autômato
segunda-feira 25 de outubro de 2021, por
BEAUNE , Jean-Claude. Philosophie des milieux techniques: La matière, l’instrument, l’automate. Seyssel: Champ Vallon, 1998
Este grosso volume publicado em 1998 trata muito das técnica e da tecnologia, das máquinas, de objetos concebidos e fabricados,d e artifícios, de autômatos. Tantas óticas que se recobrem em parte mas deixando, através desta pluralidade reivindicada, entrever um ponto comum: um objeto técnico não tem sentido por si mesmo mas pelo fato que ao seu redor se estabelece um meio de trabalho , de valores, de imagens e de razões. Cada objeto é assim portador desta qualidade expressiva cuja síntese designa “a tecnicidade”, sob suas formas múltiplas: desde o compagnonnage aos sistemas informáticos passando pela manufatura, a usina – sem esquecer o museu e a escola pois a arte e a informação concernem igualmente esta organização – são meios que tecem o quadro histórico, social, político e simbólico de nossa existência.
A filosofia associada à história, à ciência, aos mecanismos de concepção, de classificação, de constituição do mundo sensível , nos propõe algumas chances de experimentar, através destes meios, algumas de suas próprias questões fundamentais que são também aquelas que a técnica é levada a se dar conta: o ser e a existência; o um e o múltiplo; o mesmo e o outro; o espírito e o corpo; o natural e o cultural; o normal e o patológico; a vida e a morte. As perspectivas são consideradas no espíritos dos grandes “tecnólogos ” cruzados com as orientações de certa epistemologia que, desde Comte passando por Bachelard , Canguilhem , Foucault , Dagognet, deve permitir estender uma “rede” de conceitos e de imagens capaz de apreender o que constitui talvez “o meio dos meios”, a última interrogação: a técnica em seus meios, hedeggeriana ou não, remete à questão última e pré-socrática da MATÉRIA e de nossas impotências a exprimi-la verdadeiramente senão segundo uma arte, uma poética de dimensão quase sobre-humana.
Sumário
- O ofício e o meio originário
- A técnica de base
- A magia problemática
- As técnicas na Antiguidade
- O artesanato medieval: um mundo certe dele?
- Os primeiros engenheiros (o Renascimento italiano)
- O mito e a utopia : o artesão e o engenheiro
- A tecnologia racionalista
- A terceira substância: ótica e materialidade
- Uma terceira via ou a lanterna mágica
- O mito da razão enciclopédica
- A manufatura e a guilhotina, mesmo combate
- As ambiguidades da razão industrial
- As condições da razão industrial
- A gênese da industrialização
- Capitalismo e antropologia
- A cinemática em questões
- Que sobra do trabalho?
- Pesquisa, educação e desenvolvimento
- A morte da mina
- O vazio da fábrica
- Uma crise de racionalidade?
- O desaparecimento da máquina na sociedade tecnológica contemporânea
- Perspectiva contrastada
- Saber e invenção
- Dificuldades da invenção
- Formas filosóficas da invenção técnica: um problema sem solução?
- O inconsciente técnico e o poder do corpo
- Os dilemas da inovação
- O tempo das técnicas
- Invenção e criação
- A impropriedade do dizer e do fazer
- A patologia técnica
- A invenção e o autômato: um exemplo
- Mecanismo e maquinismo: anatomias moventes
- Piscadela sobre a informática
- O objeto técnico
- O entorno do objeto
- O objeto saturado
- Tecnologia e memória
- Informação do objeto técnico
- A gênese dos objetos
- A “mostração” do real
- Formas de museu e arte da memória: objetos e imagens técnicas
- O real pode ir ao paraíso?
- O último dos mundos
- A vida e a máquina