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Antiguidade – Judaísmo-Platonismo

Carreira das Neves (João) – Alegorização Filoliana

domingo 20 de março de 2022, por Cardoso de Castro

      

Excertos de Joaquim Carreira das Neves, ESCRITOS DE JOÃO

      

A alegorização filoliana tem por objetivo apresentar as escrituras   hebraicas, sobretudo o Pentateuco  , de maneira intelectiva e, assim, serem entendidas e recebidas pelo Credo hebraico  : "Ouve Israel   Yahvé nosso Deus   é o único Yahvé" (Dt 6, 4). Este "ouvir  " é o fundamento da revelação bíblica, mas Filão vai dar a primazia a Dt 15,1: "Depois destes acontecimentos, a palavra de Yahvé foi dirigida a Abraão, numa visão". Deus é palavra, comunicação, relação, revelação. A "visão" tem a ver com o deslumbramento   desta comunicação. Mas Filão necessita da primazia da visão para objetivar a palavra e, desta maneira, objetivar a verdade. Sem dúvida que Filão dá muito valor   à contemplação, mas sempre pela contemplação da palavra através das ideias. Para ele, Israel "é aquele que vê Deus": "Deste modo darás à luz, com um parto fácil, um filho   varão, cujo nome será Ismael, porque tornar-te-ás sábia por ouvires a palavra de Deus. Ismael, de fato, significa "escuta de Deus". Mas o ouvido é secundário em relação à vista, e a vista é o privilégio concedido a Israel, filho legítimo e primogênito. Israel, de fato, significa, em tradução, "aquele que vê Deus". Realmente, podem-se ouvir coisas falsas pensando que se estão a ver, porque o ouvido pode enganar, mas não assim a vista, com a qual se discerne a realidade como ela é". A palavra é tornada doutrina  , e esta doutrina radica no agente   divino do Logos  .


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