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HIPERLOGOS

HT: Landow - reconfigurando o autor do discurso

HIPERTEXTO

terça-feira 22 de março de 2022, por Cardoso de Castro

      

Eros  ão do "eu"  

Autor e leitor se combinam em uma simbiose que se dá sobre o texto criado e em criação perpétua.

O leitor pode percorrer diferentes caminhos de leitura a partir da rede de hyperlinks cuja apreensão do texto determina como que diferentes narrativas sobre uma mesma escrita. O contexto virtual que originalmente cercou o texto de sentido pode ser através do contexto mais amplo da Internet ampliado indefinidamente.

A autoridade   e a autonomia   do texto, é posta à prova pelo contexto virtual imediato, e mais ainda pelo contexto amplo da Internet; o autor tem sua autonomia relativizada pelo hipertexto. A construção de sentido, tomando texto e contexto virtual imediato e amplo, se dá de modo que o papel de leitor se confunde com o de autor.

Roland Barthes   explica que o "eu" que se aproxima do texto é ele mesmo uma pluralidade de outros textos, de códigos ao infinito   (S/Z); o hipertexto permite a manifestação desta pluralidade além do hipertexto através de caminhos pelo contexto virtual imediato e amplo.

Autor e leitor se articulam com o texto, através de seu hipertexto, formando uma coalescência, uma rede descentrada de códigos, que se dá como nó de outras redes que venham a se associar (Lyotard   rejeita o paradigma   romântico do "eu-ilha" em favor de um modelo de "eu" como nó de uma rede, um "tecido" de relações complexas e móveis).

A questão de autoria, ora conjugada com co-autoria de quem pratica a hipertextualização do texto, constituindo seu contexto virtual imediato, e ainda mais em coalescência com o leitor que "vivifica" os circuitos definidos pelos hiperlinks, levanta também a questão dos limites de construção de um hipertexto, entendido como desconstrução-reconstrução de um texto secundado por seu aparato crítico, o contexto virtual imediato; o que e até onde se deve "hipertextualizar"?

A observação de Michel Foucault   sobre o "desparecimento do autor" se evidencia no trabalho   de co-autoria, leitura e "re-constituição" do texto em hipertexto, entendido em sua máxima amplitude: texto hipertextual, contexto virtual imediato e amplo.

Para Edward Said, a proliferação de informação (ou o que é mais notável, a proliferação de hardware para armazenar e disseminar esta informação) tem diminuído irremediavelmente o aparente papel desempenhado pelo indivíduo.

Said reconhece que grande parte do teóricos contemporâneos (Jacques Derrida  , Michel Foucault e Gilles Deleuze  ) falaram do saber com descentrado; Deleuze chega a dizer que o saber inteligível é apreendido em termos de centros nomádicos, estruturas provisionais que nunca são permanentes, sempre vagando de um conjunto   de informações para outro". Estas são conceituações que parecem antever   o hipertexto.

Michael Heim   reforça esta constatação: "Fragmentos, material reusado, trilhas e caminhos intrincados do "hipertexto", como Ted Nelson o chama, tudo isto promove a desintegração da voz centrante do pensamento   contemplativo  . A arbitrariedade e disponibilidade de consultas a bases de dados fazem decrescer o sentido de um controle autorial sobre o que está escrito" (Electric Language).

Heim também alerta: "a escrita digital transforma a solidão privada da leitura e da escrita reflexivas, em uma rede pública onde a matriz   pessoal simbólica necessária para a autoria original é ameaçada pela conexão com a textualidade total das expressões humanas". Diferente de muitos escritores sobre o hipertexto, Heim considera a participação em uma rede uma preocupação ao invés de uma celebração, descrevendo o mesmo mundo dos entusiastas, mas com tonalidades proféticas sombrias.

Em resposta   a esses e outros problemas, que se levantam em concepções de textualidade, em mutação, Said se pergunta: “Onde jaz a autoridade da escrita?” E imediatamente reconhece que “tais questões fazem sentido somente se a escrita em questão é considerada estável e documentária”; e recordamos que o hipertexto remove a estabilidade da escrita.

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