Tradução em grande parte feita a partir da versão francesa da Philokalia , mas eventualmente utilizada a versão inglesa.
Primeira Centúria
Virtudes e Vícios
23. O hipócrita, enquanto passa desapercebido, permanece calmo. Busca a glória se esforçando em ser justo. Mas quando foi pego pelo fato, profere palavras mortais . Parece assim cobrir sua própria cupidez pelas injúrias que dirige aos outros. A palavra de Deus o comparou a uma raça de víbora, por causa de sua hipocrisia, e lhe ordenou produzir frutos dignos de arrependimento. Quer dizer transformar em modalidades aparentes a disposição oculta de seu coração .
24. Alguns dizem que é selvagem todo animal , vivendo no ar, sobre a terra e no mar, que não é julgado puro pela Lei, mesmo se, por seus costumes, parece estar aprisionado. A palavra de Deus dá assim a todo homem um nome de animal, que corresponde à própria paixão de cada um.
25. Aquele que simula a amizade para fazer mal a seus vizinhos é um lobo que esconde sua própria maldade sob uma pele de cordeiro. Quando descobriu neles uma conduta pura ou palavra pura, praticada ou dita com simplicidade segundo o Cristo , ele dela se ampara e a destrói. Espalhando milhares de condenações, ele critica às palavras e às condutas de seus irmãos, como espião da liberdade que tem em Cristo.
26. Aquele que, por malícia, imita ao silêncio, estende uma armadilha a seu próximo. Se fracassa, parte, ajuntando sofrimento a sua própria paixão. Mas aquele que se cala para prestar serviço faz crescer a amizade, e parte com alegria pois recebeu a iluminação que liberta das trevas.
27. Aquele que, em uma assembléia, interrompe bruscamente a leitura de um discurso, não escapou à vanglória: é doente. Tomado pela vaidade , avança inúmeras proposições, como tantas vias e voltas, pois pode romper o encadeamento daquilo que é falado.
28. O sábio que ensina e é ensinado, quer aprender e ensinar as únicas coisas que são úteis. Aquele que só é sábio em aparência, quando interroga e é interrogado, só leva adiante coisas supérfluas.
29. Um homem que participa na graça dos bens de Deus deve transmiti-las abundantemente a outros. Pois é dito: "Recebeis gratuitamente, dais gratuitamente". Aquele que esconde o dom acusa o senhor de ser duro . Ele poupa a sarx - carne por refutar a virtude. Mas aquele que vende a verdade aos echthros - inimigos é em seguida condenado por ter amado a kenodoxia - vanglória, e se perde não suportando a vergonha .
30. Aqueles a quem assusta o agon - combate contra as paixões e que temem a agressão dos echthros - inimigos, devem se silenciar , quer dizer não empreender a refutação dos echthros - inimigos para sustentar a virtude, mas, pela euche - oração, se entregar a Deus na cura de epimeleia - vigilância sobre eles mesmos. É a eles que é dito no Exodo: "O Senhor combaterá por vós. Vós, silenciai-vos". Mas aqueles que, depois da desaparição de seus perseguidores, buscam a principio os modos das virtudes a fim de aprender com gratidão , só tem uma coisa a fazer: guardar aberta o ouvido de sua nous - inteligência. É a eles que é dito: "Escuta, Israel ". Enfim, àquele que, para se purificar, busca ardentemente o conhecimento (gnosis) divino convém a plerophoria - certeza que dá a piedade . É a ele que será dito: "Porque me chamas?", Logo, àquele para o qual o silêncio foi ordenado pelo phobos - temor, é bom e necessário de fugir para Deus. Aquele ao qual foi prescrito entender deve estar pronto a obedecer os mandamentos. Enfim, convém que aquele a quem o conhecimento (gnosis) chama sem cessar em suplicando, para se liberado do mal e dar graças de ter parte no bem.
31. Jamais uma alma não pode se voltar para o conhecimento (gnosis) de Deus se Deus ele mesmo, descendo até ela, não a toca e não a conduz para em sua direção. Pois a nous - inteligência humana não poderia se elevar até perceber alguma iluminação divina se Deus ele mesmo não a atraísse para o alto, tanto quanto é possível à nous - inteligência humana de ser arrebatada, e não a iluminasse dos esplendores divinos.
32. Aquele que imita os discípulos do Senhor não recusa, por causa dos Fariseus , caminhar durante o sabá nos campos de trigo e arrancar as espigas. Mas, tornado impassível após o conhecimento (gnosis) prático, recolhe as razões das criaturas, nutrindo-se com piedade da ciência divina dos seres.
33. Aquele que é apenas fiel seguindo o Evangelho, transporta pela praxis - ação a montanha de seu mal. Afasta-se da errança das coisas submissas à sensação sua primeira inclinação para elas. Aquele que pode ser discípulo e que recebe das mãos do Verbo fragmentos dos pães do conhecimento (gnosis), nutre milhares de homens: pela praxis - ação mostra a potência multiplicada do Verbo. Mas aquele que é capaz de ser apóstolo, cura toda doença e toda enfermidade, e cassa os demônios. Quer dizer que põe em fuga a energia das paixões, que trata os doentes, que, por elpis - esperança, conduz ao estado de piedade àqueles que não estavam privados, e que conforta pela palavra do Juízo àqueles que sofriam na negligência. Pois, exortado a andar sobre as serprentes e os escorpiões, abole o começo e o fim do pecado.
34. O apóstolo e o discípulo são fiéis, em todos os casos. O discípulo não é sempre apóstolo, mas é sempre fiel. Aquele que é somente fiel não é nem discípulo nem apóstolo. No entanto, por sua conduta e sua theoria - contemplação, o terceiro pode chegar à ordem e à dignidade do segundo, e o segundo pode chegar à ordem e à dignidade do primeiro.