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Schopenhauer (MVR1:530-531) – coisa-em-si - vontade - moral

terça-feira 14 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro

  

[...] o mundo objetivo, como o conhecemos, não pertence à essência das coisas em si mesmas, mas é seu mero FENÔMENO, condicionado [530] exatamente por aquelas mesmas formas que se encontram a priori no intelecto humano (isto é, o cérebro), portanto nada contém senão fenômenos. Kant  , decerto, não chegou ao conhecimento de que o fenômeno é o mundo como representação e a coisa-em-si é a Vontade. Todavia mostrou que o mundo fenomênico é condicionado tanto pelo sujeito quanto pelo objeto e, isolando as formas mais gerais de seu fenômeno, isto é, da representação, demonstrou que conhecemos tais formas e as abrangemos segundo a sua legalidade inteira não apenas partindo do objeto, mas também partindo do sujeito, porque as mesmas são propriamente, entre objeto e sujeito, o limite comum a ambos. Concluiu que, ao seguirmos tal limite, não penetramos no interior do objeto nem do sujeito; em consequência, nunca conhecemos a essência do mundo, a coisa-em-si.

Kant, no entanto, não deduziu a coisa-em-si de modo correto, como logo a seguir mostrarei, mas por meio de uma inconsequência, pela qual teve de pagar com o sofrer de frequentes e irresistíveis ataques a essa parte capital de seu ensinamento. Ele não reconheceu diretamente na vontade a coisa-em-si; porém deu um passo grande e desbravador em direção a este conhecimento, na medida em que expôs a inegável significação moral da ação humana como completamente diferente, e não dependente, das leis do fenômeno, nem explanável segundo este, mas como algo que toca imediatamente a coisa-em-si. E eis aí o segundo ponto de vista capital em relação a seu mérito.


Ver online : O Mundo como Vontade e como Representação Tomo I