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Shekhinah / Sakinah

  

Jacques Bonnet

A Shekhinah, na Tradição judaica é a Presença divina, aí onde Deus se encontra (hbr. esh — ela se encontra no homem ish, em quem está a mulher ishah; o fogo esh). É o mesmo termo que a Sakinah árabe que se traduz pela "Grande Pax". Kazimirski precisa: "este estado de quietude interior que dispõe o homem a receber as revelações divinas", daí, em árabe, "a majestade e a graça de Deus". A Torá define assim o Shekhen: "No lugar (maqom) (como o árabe maqam, se entende de um estado espiritual) que escolherá IHWH Elohim para aí posar (a soum) seu nome (shemo), aí (sham), buscareis sua morada (o shikhno)" (Deut. 12,5). Esta evocação do nome divino corresponde exatamente à proposição de Tomas de Aquino  : "A casa do santuário não foi feita para apreender Deus, como se habitasse espacialmente, mas para que o Nome de Deus habite aí, quer dizer que o conhecimento de Deus seja manifestado aí por aquilo que aí se passa e aquilo que aí de diz" (ST 1a 11ae Q. 102, Art 4 ad. 1).

Leo Schaya

No tocante aos quatro mundos, (Mundo da Emanação (transcendente); Mundo da Criação (ou Imanência criadora); Mundo da Formação (Celeste); Mundo da Atualização (terrestre, os dois primeiros graus ou mundos estão preenchidos de Luz santa de Deus; tudo aí é Deus, e Deus aí é tudo (mas no grau supremo, em modo transcendente, e no grau seguinte, em modo imanente). Por outro lado os dois últimos graus ou mundos (resumindo inumeráveis planos cósmicos) constituem esta parte (ou, mais precisamente, correspondem a este aspecto) da Essência (inteligível e imanente) de Deus onde a luz ficou enfraquecida (por sua «retirada parcial» ou a atualização da descontinuidade realtiva), para permitir às almas, aos anjos e aos mundos materiais subsistir. É esta parte (este aspecto) de Deus que nossos santos Mestres designam sob o nome de Shekhinah (a «Presença» ou «Imanência» divina, chamada também a «Mãe Inferior» ou o Reino de Deus - «Reino» de Deus que é sua Receptividade cósmica, enquanto Binah, Sua «Inteligência», é a «Mãe Suprema», sua Receptividade ontológica., chamada seu «Palácio» ou sua «Casa»; dito de outro modo, a Shekhinah que é o «Mundo da Criação» prototípico, atualiza nela mesma os dois mundos da criação efetiva, de ordem celeste e terrestre). Eis porque no princípio do Gênesis não se trata de Deus senão (sob seu Nome) de Elohim, que designa a Shekhinah, porque tudo que foi criado... vive em Elohim e por Elohim... porque a criação é a obra (direta) da Shekhinah (obra se operando e existindo no seio dEla mesma), e Ela disto se ocupa como uma mãe de seus filhos (Cabala  , Tiqqune Zohar  , XIX).